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Realidade incômoda: como proteger o País das interceptações?

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Por ANÁLISE: Paulo Pereira e É coordenador do curso de relações internacionais da PUC-SP
Atualização:

A o cancelar a sua visita oficial aos EUA, a presidente Dilma Rousseff tomou uma atitude adequada em função das circunstâncias. Tal acerto não se centra, no entanto, no fato de esta ser uma afirmação soberana em resposta à interceptação ilegal das comunicações e dados de empresas nacionais e de membros do Governo brasileiro pela NSA dos EUA. O acerto da posição de Dilma está no fato de que a agenda política do encontro com Obama acabou se definindo em torno de uma pauta delicada e negativa: a espionagem americana. Se Dilma fosse aos Estados Unidos e assumisse o debate desta pauta poderia acirrar a tensão entre os dois países. Se fosse e se negasse a debatê-la seria criticada por não defender os interesses nacionais. Do lado americano, uma maior exposição do assunto também não interessava. Dado o contexto, o mais provável (e afirmado pelo próprio Planalto) é que a decisão do governo brasileiro tenha sido tomada de comum acordo com o americano e não de maneira unilateral ou como retaliação. Por fim, é certo que o adiamento da viagem poderá ser utilizado retoricamente pela presidente como uma satisfação à opinião pública. No entanto, uma realidade incômoda persistirá. Como o governo brasileiro poderá enfrentar a fragilidade do País frente à espionagem dos seus assuntos nacionais pelos EUA? Snowden, um simples funcionário terceirizado da maquinaria de espionagem do governo americano, abriu uma caixa de Pandora com suas revelações e certamente esta é só a ponta do iceberg.

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