'Questões pontuais' dominam discussão, dizem especialistas

Cientista político, médico e arquiteto lamentam falta de visão ampla sobre os problemas mais críticos da cidade

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Por Débora Alvares
Atualização:

Um cientista político, um arquiteto e um médico convidados a acompanhar o debate na redação do Estado concluíram, ao final, que faltou, de modo geral, uma visão mais ampla da cidade e de seus problemas, pois os projetos mencionados foram debatidos como questões pontuais. Para o cientista político Carlos Melo, do Insper, Celso Russomanno "saiu-se bem, é um homem de mídia" e ficou de espectador no debate entre Serra e Haddad. O arquiteto Gilberto Belleza, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), sentiu falta de "preocupação urbana" quando se falou de calçadas ou de represas. E Casemiro Reis, presidente da Federação dos Médicos do Estado (Femesp), captou diferenças importantes nas visões de Serra e Russomanno sobre a saúde.Melo viu, no iníci0 do debate, certa proeminência de Celso Russomanno. "Parecia que ia haver um massacre contra o primeiro colocado, mas ele se mostrou calmo e preparado", disse.Quando Serra, poucos minutos depois, respondeu a um internauta sobre as calçadas da cidade, o arquiteto Belleza ponderou: "Se não pensar a rua, as calçadas, não adianta. Enquanto não houver uma preocupação urbana, não haverá solução". Belleza chamou a atenção para dois temas. "Um deles são as represas e sua poluição. (Essa questão) não pode ser tratada apenas como questão de saneamento, recuperação de margens, retirada de loteamentos clandestinos." E sobre as calçadas: "Se formos pensar calçadas exclusivamente como território do morador, não vamos avançar. Temos que pensar como integrante da rua, do paisagismo, da arborização, das construções".O médico Casemiro Reis observou que a discussão sobre saúde estava sendo focada "pela questão hospitalocêntrica". O que se precisa é "organizar uma rede de atenção básica perto da moradia da população. Não faltam médicos, faltam bons salários e planos de carreira". Para o médico, a assistência ao setor "é hoje insuficiente, não tem cobertura populacional abrangente. Há alguns serviços de excelência, mas são limitados".O arquiteto Belleza criticou uma proposta de Paulinho (PDT) de diminuir imposto para a empresa que se instalar na periferia: "Ela não se sustenta sozinha. As empresas não estão no centro por causa de impostos, mas porque lá elas têm estrutura e os aluguéis são baratos".No bloco dedicado às perguntas dos jornalistas, Melo ressaltou o confronto mais direto entre Serra e Haddad. "A experiência de Serra, mais calmo, deve ter lhe valido uma presença melhor." Ele se saiu bem, ponderou, "ante a provocação do petista quando se falou da indicação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura". Russomanno "navegou à vontade, como espectador", nesse embate.

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