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Queda de Collor ocorreu quatro meses após denúncias feitas pelo irmão

Pedro denunciou publicamente o ex-tesoureiro da campanha presidencial, Paulo César Farias

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Por Redação
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Depois de duas décadas sem poder votar para presidente, o País viu Fernando Collor de Mello, o primeiro eleito após o fim da ditadura militar, cair antes do fim do mandato acusado de manter um esquema de corrupção que atuava dentro do Palácio do Planalto. Além dos lances políticos, a trama tinha ingredientes familiares, com o irmão do então presidente, Pedro, denunciando publicamente em maio de 1992 o ex-tesoureiro da campanha presidencial, Paulo César Farias.Com a altivez que lhe era característica, Collor desdenhou das denúncias e interpelou o irmão na Justiça. "A economia brasileira não está sujeita a acusações levianas", disse.No entanto, além da falta de explicações convincentes para denúncias vindas de alguém tão próximo, novos fatos colocaram o presidente na berlinda. Enquanto o Congresso instaurava uma CPI para investigar as denúncias, o depoimento do motorista Eriberto França afirmando que PC Farias pagava as contas da Casa da Dinda, residência particular de Collor, elevou a temperatura da crise.Acuado com a proposta de impeachment que ganhava força no Congresso, o presidente resolveu apostar no apoio popular que acreditava ter. Pediu a quem o apoiasse que saísse às ruas vestido com as cores verde e amarelo da bandeira nacional. A estratégia deu errado e uma multidão se vestiu de preto para mostrar seu descontentamento com a situação, desencadeando o movimento dos caras-pintadas. Com adesão cada vez maior, milhares foram às ruas apoiar o impeachment.Quando a derradeira tentativa do governo de impedir o voto aberto dos deputados na Câmara foi derrubada pelo STF, Collor sabia que estava perto do fim. Aliados já admitiam a derrota e foi neste clima que, quatro meses depois das denúncias, 411 deputados disseram sim para que se desse início ao processo de impeachment. Collor deixou o cargo, mas resistiu a renunciar de pronto, dizendo que voltaria. O vice Itamar Franco assumiu e concluiu o mandato.

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