
14 de fevereiro de 2012 | 03h05
Em ano de eleições e em meio a um debate sobre privatizações, o governo aproveitou a edição do boletim Economia Brasileira em Perspectiva, editado bimestralmente pelo Ministério da Fazenda, para ressaltar os avanços das administrações de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
Numa seção especial chamada "Brasil: Avanços de uma Década", o documento coteja dados de 2002, o último do governo de Fernando Henrique Cardoso, com 2012. Como este ano ainda não terminou, a comparação se apoia em estatísticas e metas.
Ressalta, por exemplo, que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu de US$ 500 bilhões em 2002 para US$ 2,6 trilhões este ano, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). O gráfico destaca o fato de o Brasil ter alcançado a sexta posição no ranking das maiores economias do globo. Na época em que esse dado foi divulgado, especialistas disseram que o País ganhou posições graças ao mau desempenho das economias avançadas, engolfadas pela crise.
Independentemente disso, o PIB per capita brasileiro passou de US$ 2,8 mil em 2002 para US$ 13,3 mil projetados para 2012, um fenômeno que nem o mais aguerrido oposicionista critica. Uma ilustração mostra que a estratificação da sociedade brasileira mudou, com o aumento da classe média de 37% da população para 50% (2009).
É dado destaque também ao fato de o Brasil ser o 4.º destino de investimentos estrangeiros no ranking da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
Em tom ufanista, o relatório alardeia que o Brasil é "campeão mundial" em produção de cana-de-açúcar e vice-campeão na produção de soja. Ainda assim, no ano passado, a alta do etanol foi uma das principais causas do aumento da taxa de inflação, que fechou em 6,5% em 2011, exatamente ao limite máximo estabelecido pelo regime de metas.
O relatório dá uma alfinetada nos economistas mais alinhados com o PSDB, que criticam o elevado nível de despesas do governo, sobretudo no custeio da máquina pública. No último gráfico, ele informa que as despesas com pessoal, que corresponderam a 4,8% do PIB em 2002, será de 4,4% do PIB em 2012.
A pasta nega que a elaboração do boletim tenha objetivos políticos. Informa que o intuito foi apenas mostrar a evolução de algumas políticas públicas num período de 10 anos.
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