PT e partidos de esquerda avançam em federação, mas sem acordo final

Dirigentes encaminharam três pontos de proposta do PSB; nova reunião está marcada para 10 dias

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Por Julia Affonso
Atualização:

BRASÍLIA – A terceira reunião do PT com PSB, PCdoB e PV sobre a formação de uma federação entre os partidos avançou em três pontos durante um encontro realizado nesta quinta-feira, 10. Outras três sugestões apresentadas pelo PSB, porém, ainda estão em aberto e foram alvo de ponderações, principalmente das presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do PCdoB, Luciana Santos, além do deputado Renildo Calheiros (PCdoB–PE).

A exemplo das coligações partidárias, a federação permite que os partidos atuem em conjunto no período eleitoral, inclusive somando os votos para conquistar mais vagas na Câmara e nas assembleias. Mas as semelhanças acabam por aí: a federação exige que as siglas continuem juntas, por, no mínimo, quatro anos.

A presidentes do PT,Gleisi Hoffmann; petistas negociam aliança comPSB, PCdoB e PV Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

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Durante a reunião, avançaram a ideia para que prefeitos, vice-prefeitos e vereadores tenham a preferência para eventual reeleição em 2024. Outra proposta prevê que a composição da assembleia da federação seja mantida por quatro anos. O terceiro plano é que a formação de chapas para deputados federais e estaduais considere os votos válidos alcançados pelas instituições partidárias nas respectivas unidades federadas. As sugestões debatidas serão levadas pelos partidos para discussões internas. O prazo para o registro das agremiações foi ampliado para 31 de maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar disso, segundo o presidente do PSB, Carlos Siqueira, a ideia é fechar a discussão o quanto antes. Em 10 dias, os partidos se reunirão novamente.

Uma das propostas do PSB que sofreu ponderações foi a de formar a assembleia levando em consideração a proporcionalidade na Câmara dos Deputados e o número de prefeitos e vereadores eleitos em 2020. Na prática, a sugestão aumentaria o número de integrantes do PSB na assembleia em três ou quatro posições, porque o partido elegeu mais prefeitos nas últimas eleições que o PT.

Pela proposta petista apresentada na reunião anterior, o comando da federação teria 50 cadeiras e seria dividido apenas com base na composição da Câmara, sem levar em conta os prefeitos e vereadores. Hoje, o PT tem 53 deputados federais; o PSB, 30; PC do B, 8 e PV, 4. A ideia petista levaria o partido a 27 cadeiras, deixando o PSB com 15 e as outras duas siglas com quatro cada uma.

A disputa entorno do comando da federação é importante, pois os dirigentes da assembleia serão os responsáveis por grandes decisões, como as candidaturas que serão efetivadas em cada pleito. As regras da associação partidária estabelecem que só pode haver um candidato desse bloco para cada eleição presidencial, para o governo de cada Estado e, ainda, para as disputas das prefeituras. Caberia à assembleia da federação escolher quem poderia concorrer em cada eleição.

Outra sugestão com a qual não houve concordância foi o poder de veto a propostas que tivessem contra si ao menos 15% dos votos da assembleia. O PCdoB sugeriu que não houvesse veto, mas sim que as propostas fossem aprovadas por 80% dos votos. A ideia agradou aos dirigentes e se une a outra proposta do PSB, que definia que o quórum necessário para formar uma maioria na assembleia também deve seguir esse porcentual.

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O presidente do PSB, Carlos Siqueira, acredita que as legendas estão próximas do acerto final. “Há um apelo para que, nada obstante seja maio o prazo, que isso se possa fazer mais rapidamente possível. Quem vai determinar isso é a evolução dos acordos que se possam processar no âmbito das nossas reuniões e dos nossos debates”, disse.

Candidaturas locais

Dirigentes que estiveram na reunião de hoje relataram que não houve discussão sobre candidaturas nos Estados durante o encontro. PT e PSB se reúnem nesta sexta-feira, 11, presencialmente e virtualmente, para discutir as candidaturas no Rio Grande do Sul. Os socialistas querem lançar o ex-deputado Beto Albuquerque, enquanto os petistas apoiam o deputado estadual Edegar Pretto.

Segundo Siqueira, nas próximas semanas haverá reuniões para tratar as candidaturas no Espírito Santo e em São Paulo. Os impasses regionais têm travado a formalização da aliança dos partidos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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No sábado, 12, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), vai receber o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, para um café da manhã. Casagrande é de um partido que está em negociações avançadas para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa de 2022.

Carlos Siqueira disse que Casagrande o avisou sobre o encontro e relatou que o Podemos, partido pelo qual o ex-juiz é pré-candidato ao Palácio do Planalto, pertence à sua base na Assembleia Legislativa do Estado. “Tenho uma confiança muito grande no governador Casagrande. Ele vai seguir a orientação que o partido decidir. Se é apoiar o Lula, vai estar conosco e ele me garantiu isso”, disse. “Ele pode receber qualquer pessoa e não significa dar apoio, muito menos a um candidato do tipo do senhor Moro.”