No primeiro grande encontro regional do PSDB com lideranças e governadores do Nordeste, ontem em Maceió, o senador Aécio Neves (MG) afirmou que o Bolsa Família partiu de uma ação do partido. "O DNA do PSDB está nos programas de transferência de renda. Começamos isso no sertão de Alagoas. Depois, a esse programa se juntou o Bolsa Escola. Veio daí o Bolsa Família", discursou.
No evento, formatado para ser o lançamento extraoficial de sua candidatura na região, Aécio foi saudado como "futuro presidente do Brasil". Participaram do encontro prefeitos e deputados, além de amigos e aliados históricos do ex-governador paulista José Serra (que também almeja a corrida ao Planalto), como Antonio Imbassahy (BA) e os paulistas Antônio Carlos Mendes Thame (deputado) e Aloysio Nunes Ferreira (senador), que ainda acompanharam o mineiro na sexta-feira em Salvador. "Começamos hoje uma linda caminhada", disse Aécio.
"Mais que um novo presidente, nós teremos um presidente novo no ano que vem. Levaremos juntos o Aécio à presidência do Brasil", afirmou o senador paraibano Cássio Cunha Lima. Em seu discurso na abertura do evento, que reuniu pelo menos 1.500 pessoas em um centro de convenções, o parlamentar também fez referência indireta a Serra ao defender "a unidade e o alinhamento estratégico" do PSDB em 2014.
"O PSDB se solidifica com a liderança de Aécio", discursou Aloysio Nunes. "Se Deus quiser, Aécio será o novo presidente do Brasil", completou o deputado Sérgio Guerra (PE), ex-presidente do PSDB. Mais cedo, o pernambucano disse ao
Estado
que o debate sobre a realização de prévias presidenciais no partido "morreu". O prazo para uma eventual saída de Serra do PSDB, cenários que os tucanos consideram remoto, termina em 5 de outubro. "Todos temos respeito pelo Serra, mas chegou o momento do Aécio. O PSDB já tomou sua decisão", disse ao
Estado
o governador alagoano Teotônio Vilela.
Considerado por tucanos como o principal responsável pelo sucesso eleitoral do PT no Nordeste em 2006 e 2010, o Bolsa Família foi questionado. "Para nós, o Bolsa Família é o ponto de partida, para o PT é o ponto de chegada", disse Aécio. A estratégia do partido para 2014 é resgatar "o legado" dos programas de transferência de renda do governo FHC e carimbá-los com o selo tucano. Reservadamente, os caciques do PSDB nordestino já defendem a escolha de um vice da região para compor a chapa presidencial de Aécio.
Alianças.
Questionado sobre a saída do PSB - partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos - do governo Dilma Rousseff, Aécio sinalizou que acredita em uma aproximação mais direta a partir de agora. "O PSDB e o PSB têm boa relação política em vários Estados, a começar por Minas Gerais. Eu tenho uma boa relação pessoal com o governador (Eduardo) Campos. A saída do PSB do governo se deu pela percepção que o ciclo do PT está acabando. Dou as boas vindas ao Eduardo Campos."
Em vários momentos, Aécio criticou o PT. "Pegaram ontem mais um com a mão na botija no Palácio do Planalto fazendo tráfico de influência", disse, referindo-se ao ex-assessor da Secretaria de Relações Institucionais Idaílson Vilas Boas.