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PSD estrutura alianças com PT pelo interior

No PSDB, admite-se que cenário não é propício para coligações com legenda de Kassab; siglas buscam o mesmo eleitor

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Por Redação
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Congeladas na capital paulista, as negociações entre PSD e PSDB para a formação de alianças nas eleições municipais de 2012 patinam no resto do Estado. Graças à cordialidade com o governo Dilma Rousseff e ao engajamento de petistas na formação do novo partido, a sigla do prefeito Gilberto Kassab se mantém afastada dos tucanos e constrói pontes sólidas com o PT.

Além da adesão do PSD à seara petista em Santo André, São Bernardo do Campo e Carapicuíba, os dois partidos já caminham lado a lado em outras grandes cidades da Grande São Paulo e do interior. As relações entre as duas siglas são estreitas em municípios como Diadema, Osasco, Guarulhos e Ribeirão Preto.

Com o PSDB, não há o mesmo trânsito livre e os entendimentos para a formação de coligações são menos numerosos, segundo admitem lideranças tucanas. Até agora, há previsão de acordos em São Caetano do Sul, São José dos Campos, Mogi das Cruzes e Piracicaba. Em Jundiaí, onde o prefeito é tucano, o PSD deve aderir à oposição, com apoio a Pedro Bigardi (PCdoB).

A cúpula tucana atribui o impasse nas articulações com a sigla de Kassab a uma disputa entre os dois partidos pela mesma base eleitoral. A avaliação é que o PSD pode tentar consolidar sua expansão em segmentos considerados tradicionalmente tucanos, como a classe média.

"Eles disputam eleitorado conosco. Neste momento, a afirmação do PSD, de certa maneira, depende do nosso enfraquecimento", avaliou um articulador do PSDB. "Não tem sido fácil (firmar alianças com o PSD)."

Com o PT, as portas se abriram a partir do envolvimento de lideranças como Luiz Marinho na formação do PSD na Grande São Paulo. O prefeito de São Bernardo do Campo se empenhou para articular a adesão de políticos ao novo partido como forma de retribuição ao apoio do DEM de Kassab a sua eleição, em 2008.

Para concretizar a formação de pontes, a direção do PT paulista superou a resistência de parte dos líderes na capital, que tentavam barrar uma aproximação com Kassab (leia texto abaixo).

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O alinhamento entre os dois partidos se firmou também graças aos gestos de apoio da nova legenda ao governo Dilma Rousseff. "O alinhamento do PSD ao governo federal não torna as alianças automáticas, mas ajuda a formalizá-las", afirmou o coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT paulista, Antonio dos Santos.

O comando do PSD no Estado admite a aproximação com o PT, mas alega que o movimento é apenas "coincidência".

"Um partido em formação, que quer ganhar solidez, não pode obrigar os agentes locais a seguir uma única orientação", explica o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Police Neto (PSD). Outro integrante do partido, no entanto, classificou a variedade de alianças como "samba do crioulo doido".

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Blindagem. A aproximação do PSD com o PT no Estado se reflete no clima da pré-campanha na capital paulista. Os petistas negociaram em novembro um acordo para "blindar" Kassab e evitar críticas a sua gestão durante a campanha. Os pré-candidatos do PSDB chegaram a ensaiar um tom de oposição ao atual prefeito, mas adotaram um tom mais cordial por orientação do governador Geraldo Alckmin.

Sem um apoio em massa do PSD, os tucanos trabalham para fortalecer suas alianças no Estado com DEM, PDT, PTB. PSB e PP - que compõem a base de Alckmin no governo.

Nos municípios paulistas, essas legendas são aliadas mais valorosas que o PSD, uma vez que falta ao novo partido um ativo importante: tempo na propaganda eleitoral gratuita. Como novas siglas não têm direito a uma fatia relevante na TV durante a campanha, a aliança com o partido seria sobretudo uma atitude político, dada a ascensão de Kassab como liderança no Estado.

"Seria um gesto de gratidão o Kassab nos apoiar", disse o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias. "Mas ainda estamos em uma fase preliminar e não vamos fazer alianças no atacado."

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