O fim da eleição representará para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) o início de um novo capítulo da sua história. Com a morte repentina da sua maior liderança, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, a sigla terá o desafio de se reposicionar no cenário político, independentemente do resultado do pleito de hoje.
Ao decidir apoiar o tucano Aécio Neves no 2.º turno, o partido poderá, pela primeira vez, fazer parte de um governo do PSDB, caso Aécio chegue ao poder. Nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a sigla atuou na oposição.
Se a vitoriosa for a presidente Dilma Rousseff (PT), o partido também irá viver um momento diferente. Apesar de ter deixado a base aliada do governo no ano passado, quando Campos decidiu disputar a Presidência, o PSB sempre caminhou ao lado do PT, desde a primeira eleição do período democrático, em 1989.
Diante desse histórico, o apoio a Aécio causou uma crise no partido. Importantes nomes do PSB, como o ex-ministro Roberto Amaral e a deputada Luiza Erundina, foram contra a aliança, chancelada pela maioria dos membros da Executiva e que contou com o aval da família de Campos.
Amaral, que perdeu a presidência da sigla por se opor à união com o tucano, tem feito as críticas mais duras à aliança. Segundo ele, o PSB “jogou no lixo” a sua história e “renunciou ao seu futuro”.
Ao participar de um ato de apoio à reeleição de Dilma em São Paulo, o ex-ministro foi ovacionado pela militância petista e disse que aquela era a escolha natural de todas as pessoas de esquerda da sigla. Em quatro Estados, o PSB optou por esse caminho: no Acre, na Bahia, no Amapá e na Paraíba.
O novo presidente da sigla, Carlos Siqueira, minimiza as divergências. “Não vai ser uma aliança, numa eleição, que vai mudar a natureza do partido, o aspecto socialista do PSB”, disse. Segundo ele, caso Aécio vença a eleição, o papel do PSB será puxar o PSDB para o campo da esquerda. “O que nós esperamos é poder influenciar no sentido de fazer valer o lado social em um eventual governo tucano”, afirmou.