Propostas do Governo colocam ex-aliados em oposição nas eleições 2018

Deputado Ratinho Junior (PSD), ex-secretário estadual, lidera resistência às propostas da atual governadora Cida Borghetti (PP); ambos devem concorrer ao governo

PUBLICIDADE

Por Katna Baran
Atualização:

CURITIBA - Dois recentes atos do governo do Paraná têm colocado em posições opostas antigos aliados, ambos pré-candidatos ao governo nas eleições 2018. O reajuste de 15,99% na tarifa de energia, que começou a vigorar no domingo, 24, e a proposta de reposição salarial de 1% para os cerca de 310 mil servidores do Executivo, colocou o deputado estadual Ratinho Junior (PSD) em oposição à atual governadora Cida Borghetti (PP).

Ex-secretário estadual na gestão de Beto Richa (PSDB), Ratinho Júnior é pré-candidato ao governo do Estado. Já Cida Borghetti, que assumiu o governo no final de março, quando Richa renunciou ao cargo para se candidatar a uma vaga no Senado, deve tentar a reeleição.

Ratinho Júnior é pré-candidato ao governo do Estado Foto: Sandro Nascimento/Alep

PUBLICIDADE

Na segunda-feira, 25, Ratinho apresentou requerimento à Mesa da Assembleia Legislativa, pedindo que o Governo do Estado repense o aumento da taxa de energia. “Esse reajuste é inadequado. O país vive uma crise e o comércio está voltando a ter fôlego, já o cidadão comum está com as contas apertadas. As indústrias também sofrem com essa alteração”, declarou.

++ Candidato, França triplica repasses para asfalto em SP

Apesar de não poder intervir na situação, já que a decisão final sobre as tarifas cabe ao governo, o deputado afirmou que pretende manter o posicionamento político contrário ao de Cida, demonstrando “que o momento é inadequado”. O requerimento deve ser votado nesta terça-feira, 26, pelos deputados estaduais.

A bancada do pré-candidato do PSD ao governo, e do PSC, seu antigo partido, também devem se posicionar de forma contrária à proposta de reajuste de 1% para os servidores, tendo em vista que os demais Poderes do Estado possuem projetos de readequação de acordo com a inflação o período, que foi de 2,76%. “Se for para dar 1% é melhor não dar”, declarou Ratinho.

A ideia, segundo parlamentares, é agrupar o PSD, o PSC, e as legendas de oposição, como MDB e PT, e apresentar uma emenda com reajuste de acordo com a inflação. “Obviamente que, num ano eleitoral, todos tentam aparecer, mas infelizmente muitos que estão dizendo que vão emendar para aumentar o índice são os mesmo que há três anos estavam votando para não dar aumento ao servidor”, disse o líder do governo na Assembleia, Pedro Lupion (DEM), afirmando que é vedado aos deputados dizer o que o Executivo deve ou não gastar.

Publicidade

++ Entenda o que são e quais as diferenças entre o fundo eleitoral e o fundo partidário

O governo não quis se pronunciar sobre a oposição dos parlamentares aos projetos. Lupion ressaltou que a data-base dos servidores estava congelada desde 2016 e que a previsão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2018 era de índice zero de reposição. De acordo com o governo, o reajuste de 1% respeita o acordo firmado com a União com a adesão ao Plano de Auxílio aos Estados e os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

“O que o governo conseguiu chegar foi 1%, é uma proposta que deveria ser encarada positivamente. É um esforço que o governo tem feito para conseguir atender as demandas dos servidores. Não entendo o porquê da briga em torno do índice”, afirmou o governista.

“O governo tem demonstrado que têm muito caixa, têm convênios aí publicamente festejados com os prefeitos. Não somos contra, mas, se tem muito recurso para fazer investimento nos municípios, o caixa do governo está sadio como eles têm propagado”, respondeu Ratinho.

++Voto do interior tem grande peso na eleição estadual, diz analista

Servidores. Em uma nota divulgada no Facebook, a coordenação do Fórum das Entidades Sociais (FES), formada por integrantes de sindicatos de diversas categorias do funcionalismo, informou que o índice esperado era o mesmo que dos servidores dos outros Poderes, de 2,76%. Alguns dos servidores mantêm acampamento em frente à Assembleia para pressionar os parlamentares e o governo. A proposta deve passar pelas comissões antes de chegar ao plenário da Casa.