Procuradores reagem à crítica de vazamento

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Por Felipe Recondo e BRASÍLIA
Atualização:

Os ataques aos procuradores responsáveis pela Operação Monte Carlo provocaram a reação da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Na última sessão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Tito Amaral, ex-assessor do senador Demóstenes Torres, envolvido no caso, falou em punir com pena de morte os procuradores em razão dos vazamentos de dados da investigação.O presidente da ANPR, Alexandre Camanho, afirmou que o conselheiro deveria ter se revoltado contra a infiltração do crime no Ministério Público de Goiás, ao qual pertence. "Há inegavelmente um grave erro de perspectiva. Indignar-se contra os vazamentos e não se indignar com o fato criminoso em si causa uma estranheza monumental. Realmente é insólita essa manifestação dele", disse. Camanho negou a responsabilidade dos procuradores, mas admitiu que é preciso investigar o vazamento de informações para a imprensa. "Contra os vazamentos, não há necessidade de ninguém se indignar, há necessidade de apurar e isso está sendo feito", acrescentou.O presidente da ANPR disse ser preocupante a decisão do conselho de punir o procurador Matheus Baraldi, do Ministério Público Federal em São Paulo, por conceder uma entrevista coletiva em que dava explicações sobre uma busca e apreensão de operação que estava sob sigilo. No julgamento, os conselheiros decidiram demitir o procurador, mas a pena foi convertida em suspensão por 90 dias."Já se ouvem, aqui e ali no MP, alguns colegas dizerem que é melhor que nunca mais falemos nada em razão do julgamento deste caso", afirmou Camanho. "É evidente que isso seria uma grande treva, um retrocesso monumental para a democracia."Durante a sessão do CNMP, o conselheiro Lázaro Guimarães afirmou que a punição a Baraldi abria precedente para aplicar a mordaça aos promotores e procuradores. Uma proposta tramita no Congresso para impedir que integrantes do MP concedam entrevistas sobre investigações em curso.

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