O novo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, assumiu ontem o cargo perante o Órgão Especial do Colégio de Procuradores - cúpula da instituição - e defendeu enfaticamente o papel do Ministério Público, que tem atribuição constitucional de zelar pela democracia e investigar corrupção e improbidade na administração. "As prerrogativas funcionais serão sempre pontos inegociáveis na nossa forma de atuar. O Ministério Público do Estado detém, exibe e exige respeito."Elias Rosa, às 14h21, fez a entrega formal de sua declaração de rendas e bens no ato de posse administrativa. A cerca de 200 procuradores que o aplaudiram de pé, ele relatou como pretende trabalhar para o aprimoramento da instituição que vai dirigir pelos próximos dois anos.Ao mesmo tempo, na rede virtual, promotores manifestaram-se contra a decisão do governador Geraldo Alckmin que preteriu Felipe Locke, mais votado pela classe nas eleições internas do MP - Rosa foi segundo colocado.Nos dois grupos fechados da categoria na internet, Amici e MP maior e capaz, promotores anunciaram que foram trabalhar vestidos de preto, enlutados no "dia da desilusão democrática". Uma ala com tradição no combate a desvios do Tesouro mobiliza-se por emenda constitucional que permita eleições diretas na instituição, sem interferência do Executivo. Outro segmento ensaia ato contra Alckmin na posse solene de Rosa, a 4 de maio."Foi um desalento, uma decepção", declarou Locke, que não foi à posse. "Lamento muito que o maior valor da democracia, o voto, não tenha sido levado em conta." Ele negou categoricamente que pretendesse pagar auxílio-alimentação. "O promotor é um eleitor qualificado, merece respeito. Eu me comprometi a melhorar a estrutura do MP para poder atender bem a sociedade com redução da burocracia.""Vamos ao trabalho, o Ministério Público segue adiante", conclamou Elias Rosa, na posse, em que recebeu o cargo de Walter Sabella, procurador-geral interino. Ao seu estilo, Rosa pregou a união da classe. "O MP não é e jamais será fruto de qualquer ação individual. Ele resulta da ação de todos nós. Trata-se de uma grande obra coletiva e o papel decisivo da Procuradoria-Geral será sempre de atuar em comunhão com todos."Desafio. Asseverou que "o MP é de todos, sem ser de ninguém individualmente". "É maior e mais importante do que todos nós." Reconheceu o tamanho do desafio. "Eis a extensão da minha responsabilidade, trabalhar a partir da ideia permanente da comunhão, conhecendo, ouvindo e respeitando as divergências." Aos procuradores, disse: "Concito-os a participarem da gestão".Assumiu compromisso de assegurar condições de dar continuidade à administração de seu antecessor, Fernando Grella Vieira, e declarou vital o relacionamento com o Órgão Especial "para concretização dos ideais do MP".Sua mensagem é por um governo pacífico, sem retaliações, aberto a sugestões. "Eventuais correções de rota, previsíveis num projeto de tal magnitude, haverão de ser realizadas prontamente. A vocação do MP é fazer Justiça e fazer Justiça significa dar a cada um o que é seu, mas no tempo e no modo certos."Estendeu a mão até para os rivais da campanha eleitoral, Locke e Mário Papaterra, "detentores de irretocáveis carreiras".