Presidente do Republicanos diz que Bolsonaro 'só atrapalhou' aumento do partido

Legenda integra o Centrão e faz parte da base aliada de Bolsonaro no Congresso, mas, insatisfeita com a falta de espaço no governo, avalia se manter neutra nas eleições de outubro

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Por Iander Porcella (Broadcast) e Izael Pereira
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BRASÍLIA - O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira, 23. Pereira disse que Bolsonaro até agora, “só atrapalhou” o aumento do partido, que é ligado à Igreja Universa do Reino de Deus. Integrante do Centrão e da base aliada de Bolsonaro no Congresso, o Republicanos tem demonstrado insatisfação com a falta de espaço no governo e avalia se manter neutro nas eleições de outubro.

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“Está caminhando bem a vinda de novos parlamentares, acho que vai ser bom. A gente vai sair um pouco maior do que é, sem a ajuda do presidente, pelo menos por enquanto, porque até agora ele só atrapalhou”, disse Pereira a jornalistas, ao ser questionado sobre as negociações para filiação de novos parlamentares ao partido. O vereador Carlos Bolsonaro (RJ), filho "02" do presidente, é filiado ao Republicanos.

No último dia 10, o partido decidiu não integrar federações neste ano. Ao Estadão/Broadcast Político, Pereira afirmou, na ocasião, que a bancada só decidirá qual posição adotará na eleição em abril, após a janela partidária, quando deputados podem trocar de legenda sem perder o mandato.

Republicanos tem se afastado de Bolsonaro por se sentir desprestigiado nas negociações políticas; Para o presidente da legenda, deputado Marcos Pereira, chefe do Executivo 'só atrapalhou' o aumento do partido até agora. Foto: José Cruz/Agência Brasil - 19/3/2017

"O partido tem deputados que querem neutralidade, deputados que querem apoiar Lula, outros que querem Bolsonaro. Isso só vai ser discutido em abril", disse o deputado.

Aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, no passado, o Republicanos deu uma guinada à direita, nos últimos anos, para apoiar Bolsonaro, mas ainda tem no DNA o caráter governista. "[O apoio nacional] será discutido em nossa reunião de bancada que ocorrerá em abril. O fato é que fazemos parte da base de governabilidade do Brasil", afirmou o deputado Vinicius Carvalho (Republicanos-SP).

O Republicanos tem se afastado de Bolsonaro por se sentir desprestigiado nas negociações políticas. Em novembro, o presidente se filiou ao PL, legenda comandada por Valdemar Costa Neto. Já a vaga de vice na chapa do presidente deve ficar com o Progressistas, que comanda a Casa Civil, com o ministro Ciro Nogueira.

O PL também foi contemplado com a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso. A pasta é liderada pela ministra Flávia Arruda. O Republicanos, por sua vez, é representado na Esplanada dos Ministérios por João Roma, titular da Cidadania.

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“Todos os partidos merecem carinho e eu tenho certeza de que o presidente Marcos Pereira é uma das pessoas mais importantes para a reeleição do presidente Bolsonaro. Eu não tenho dúvida”, respondeu Ciro Nogueira nesta quarta-feira, 23, ao ser questionado sobre a insatisfação do presidente do Republicanos com o governo.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, Bolsonaro vai apoiar a candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ao Palácio dos Bandeirantes. O deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL, disse que a entrada de Tarcísio no partido está 99,9% fechada.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) deve se filiar ao Republicanos para concorrer a uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul. Mourão disse que sua entrada no partido está “praticamente” decidida.

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