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Presidente do Paraguai promete medidas para apaziguar conflito

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela , MARINA GUIMARÃES , CORRESPONDENTE , BUENOS AIRES e SOROCABA
Atualização:

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou ontem que todas as medidas de seu governo em relação ao conflito entre os carperos (sem-terra paraguaios) e produtores rurais brasileiros, os "brasiguaios", na região do Alto Paraná, fronteira com o Brasil, serão regidas pela lei. Lugo afirmou que usará todos os recursos para manter a ordem pública e a segurança na região e ressaltou ter ordenado aos setores do governo envolvidos no assunto que acelerem as medidas para apaziguar o conflito e solucionar o problema da disputa de terras.Em uma extensa nota distribuída à imprensa, Lugo afirmou que "toda a ação governamental será orientada, sem exceção alguma, ao desenvolvimento e execução ajustada à lei em vigor". Ainda na nota, o presidente reclamou da "histórica distribuição desigual e ilegal da terra, em prejuízo da reforma agrária". "Não poucas vezes se concederam imóveis rurais a pessoas favorecidas pelo poder político e econômico, violando a lei e contrariando políticas de Estado orientadas ao bem-estar no campo e ao desenvolvimento econômico."O presidente paraguaio afirmou ainda que a presença das Forças Armadas na região de conflito será mantida até a finalização dos trabalhos de inventário dos imóveis rurais, que havia sido determinado antes da invasão dos sem-terra.No último sábado, os carperos decidiram, em assembleia, aguardar por uma semana uma solução do governo paraguaio, suspendendo invasões.A declaração de Lugo, porém, não citou as fazendas dos brasileiros que estão invadidas, o que fez aumentar a tensão na região.O agricultor Pedro Garbeto, que desde a década de 1980 é dono de terras em Santa Rosa del Monday, disse que, apesar de 80% da população da cidade, de 5 mil habitantes, serem brasileiros ou descendentes, há um clima de medo. "Temos soja no campo para colher, mas tivemos de retirar as máquinas e não estamos podendo trabalhar."Diplomacia. O cônsul-geral do Brasil em Ciudad del Este, embaixador Flávio Roberto Bonzanini, informou que está acompanhando de perto a situação dos brasiguaios e, na semana passada, enviou um relatório ao Ministério das Relações Exteriores. Ele reconheceu que a situação é preocupante, pois as reintegrações de posse determinadas pela Justiça não estão sendo cumpridas.

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