
07 de fevereiro de 2012 | 03h02
Em uma extensa nota distribuída à imprensa, Lugo afirmou que "toda a ação governamental será orientada, sem exceção alguma, ao desenvolvimento e execução ajustada à lei em vigor". Ainda na nota, o presidente reclamou da "histórica distribuição desigual e ilegal da terra, em prejuízo da reforma agrária". "Não poucas vezes se concederam imóveis rurais a pessoas favorecidas pelo poder político e econômico, violando a lei e contrariando políticas de Estado orientadas ao bem-estar no campo e ao desenvolvimento econômico."
O presidente paraguaio afirmou ainda que a presença das Forças Armadas na região de conflito será mantida até a finalização dos trabalhos de inventário dos imóveis rurais, que havia sido determinado antes da invasão dos sem-terra.
No último sábado, os carperos decidiram, em assembleia, aguardar por uma semana uma solução do governo paraguaio, suspendendo invasões.
A declaração de Lugo, porém, não citou as fazendas dos brasileiros que estão invadidas, o que fez aumentar a tensão na região.
O agricultor Pedro Garbeto, que desde a década de 1980 é dono de terras em Santa Rosa del Monday, disse que, apesar de 80% da população da cidade, de 5 mil habitantes, serem brasileiros ou descendentes, há um clima de medo. "Temos soja no campo para colher, mas tivemos de retirar as máquinas e não estamos podendo trabalhar."
Diplomacia. O cônsul-geral do Brasil em Ciudad del Este, embaixador Flávio Roberto Bonzanini, informou que está acompanhando de perto a situação dos brasiguaios e, na semana passada, enviou um relatório ao Ministério das Relações Exteriores. Ele reconheceu que a situação é preocupante, pois as reintegrações de posse determinadas pela Justiça não estão sendo cumpridas.
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