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Presidente da Conab é acusado de fraude

Salvo da faxina na Agricultura, Evangevaldo Moreira foi denunciado por suposta ligação com esquema em exame da OAB em Goiás; ele nega

Por BRASÍLIA
Atualização:

Colocada em banho-maria, a faxina na Agricultura deverá ser retomada por impulso do Ministério Público Federal, que denunciou o atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Evangevaldo Moreira dos Santos, por fraudes no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Goiás. De acordo com a denúncia, em 2006, quando era presidente da Agência Ambiental naquele Estado, ele foi flagrado em conversas telefônicas interceptadas com autorização judicial repassando informações sigilosas do concurso da OAB para facilitar a aprovação de João José de Carvalho Filho, seu subordinado. O atual presidente da Conab era, segundo o MP, amigo dos membros da quadrilha que fraudava a prova. Indicado para o cargo por Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara, Evangevaldo foi denunciado pelo procurador Hélio Telho pelos crimes de supressão de documento público, uso de documento falso e violação de sigilo funcional. Integrantes da base aliada no Congresso dizem que Jovair Arantes teria retirado a candidatura a ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e apoiado a deputada Ana Arraes (PSB-PE) numa troca para manter seu apadrinhado na Conab. Ao todo, em 18 ações, 101 pessoas foram acusadas por fraudes no exame. De acordo com o MP, Evangevaldo pagou a aprovação fraudada. Por meio de sua assessoria, o presidente da Conab disse que as acusações contra ele não procedem e que sequer foi notificado a respeito.Prioridade. Durante a crise na Agricultura, a limpeza na Conab foi colocada como prioridade no processo de faxina pela presidente Dilma Rousseff. Afilhado do líder do PTB, Evangevaldo entrou na lista de demissionários, mas acabou sobrevivendo.Na Conab, o loteamento entre os partidos foi maior. Toda a estatal foi dividida entre PMDB, PT e PTB - que não tem um ministério, mas contentou-se com a presidência da estatal, com orçamento de R$ 2,8 bilhões. No auge da faxina, que culminou na demissão do então ministro Wagner Rossi, o primeiro demitido na Conab foi Oscar Jucá Neto, que ocupava a diretoria financeira. Irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), ele determinou o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa de silos, mas a verba era destinada à compra de alimentos. O loteamento na Conab preocupou Dilma. A presidente fez chegar a auxiliares a ordem de que todo indicado para a estatal deveria ser técnico.

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