Por uma urna, 2º turno não foi totalmente eletrônico

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Por RENATA VERÍSSIMO E MARIÂNGELA GALLUCCI
Atualização:

Se não fosse a substituição de uma urna no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o segundo turno entraria para a história como a primeira eleição de fato totalmente informatizada. Das 67.756 urnas eletrônicas utilizadas nas eleições municipais hoje, apenas uma teve de ser substituída pela urna de lona, na qual são depositados os votos em papel. "Nossa expectativa era de que não houvesse pela primeira vez na história nenhuma urna substituída pelo voto manual", afirmou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto. No Rio de Janeiro, foram usadas urnas consideradas antigas, de 1998, que dão mais problemas do que as novas. O TSE informou que até as 17 horas (de Brasília), 486 urnas foram substituídas, o que representa 0,624% do total utilizado. Ayres Britto estava animado com a perspectiva de divulgar os resultados da eleição três horas após o fim da votação. Isso seria possível graças à urna eletrônica, que permite uma apuração rapidíssima em comparação ao voto tradicional. Antes do início da implantação do sistema eletrônico, na eleição de 1996, as apurações chegavam a demorar dias. Agora, a agilidade é muito maior. O primeiro prefeito eleito no segundo turno, por exemplo, foi Neucimar Fraga, que administrará nos próximos quatro anos o município de Vila Velha, no Espírito Santo. O resultado final da eleição em Vila Velha foi divulgado às 17h56 (de Brasília), ou seja, menos de uma hora após o fim da votação. Ainda segundo balanço do TSE, ao todo, foram computadas 540 ocorrências nas cidades onde foi realizado o segundo turno no País, sendo 395 com prisão e 145 sem prisão. O principal motivo das prisões foi boca-de-urna. O Rio Grande do Sul foi o campeão de ocorrências, com 333 registros, dos quais 249 com prisão. Exterior O modelo de votação adotado pelo Brasil desperta curiosidade no exterior. Em todas eleições, observadores estrangeiros vêm para cá para assistir ao processo. No primeiro turno, por exemplo, estiveram no Brasil representantes de Moçambique, Quênia, Angola, Costa Rica, Argentina e Palestina. Porém, em um movimento contrário, o vice-presidente do TSE, Joaquim Barbosa, viajará no dia 1º de novembro para os Estados Unidos para acompanhar as eleições americanas, onde o voto eletrônico não existe nacionalmente. Ao ser indagado sobre a viagem de seu vice, Ayres Britto disse que Barbosa recebeu o convite para acompanhar a eleição do dia 4 do mês que vem, em que o democrata Barack Obama e o republicano John McCain disputam a Casa Branca. "É bom para o Brasil, inclusive para fazer comparação com o nosso pleito", disse Brito. Barbosa ficará nos EUA até o dia 8 de novembro. Brito disse que a eleição americana este ano tem caráter inusitado, porque está sendo bastante acirrada entre os dois candidatos e há grande possibilidade de vitória de Obama.

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