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Por apoio, Aécio aceita mudar seu plano de governo

Candidato do PSDB enviou um recado indireto para Marina Silva ao dizer que estaria disposto a ‘aprimorar’ suas propostas

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau , Debora Bergamasco e Elizabeth Lopes
Atualização:

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, enviou nesta segunda-feira um recado indireto para Marina Silva ao dizer que estaria disposto a “aprimorar” suas propostas. O aceno para atrair a candidata do PSB ao seu palanque acontece em sintonia com a formação de um mutirão político dos tucanos para construir pontes com a ex-ministra, dirigentes da legenda e os herdeiros políticos de Eduardo Campos, ex-governador em Pernambuco morto em um acidente aéreo. No Estado, Aécio teve seu pior desempenho no 1.º turno. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria na segunda-feira tomado a iniciativa de abrir um canal direto de diálogo com Marina. A um aliado, FHC disse no fim de semana, quando as pesquisas já apontavam que Aécio passaria para o 2.º turno, que a aproximação com a presidenciável do PSB tinha que acontecer o mais rápido possível. O interlocutor lembra que a relação da ex-ministra com o ex-presidente é antiga.

Aécio acena possibilidade de conversar com Marina Silva sobre plano de governo tucano Foto: Marcio Fernandes/Estadão

Quando presidia o programa Comunidade Solidária, Ruth Cardoso, mulher de FHC que morreu em 2008, era entusiasta de Marina, que despontava como a mais jovem senadora do País. Na reta final do 1.º turno, Fernando Henrique defendeu que a propaganda tucana preservasse Marina e defendeu, em entrevista ao Estado , que ela e Aécio estivessem juntos no 2.º turno, independente do resultado. Em Pernambuco, os tucanos, que estavam no palanque estadual de Paulo Câmara, eleito governador pelo PSB no 1.º turno, conversam discretamente com os pessebistas. ‘Força tarefa’. O deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade e membro da coordenação política da campanha de Aécio, se comprometeu a conversar com os parlamentares do PSB e representantes da sigla no meio sindical. “Montamos um força tarefa para conversar com o PSB. Como fui líder do “bloquinho” (bloco parlamentar que uniu PSB e PDT na Câmara) tenho uma boa relação com eles”, diz o deputado. O movimento de aproximação com Marina está sendo feito de forma cautelosa para não melindrar a ex-ministra e evitar atropelos. A expectativa, porém, é que o acordo seja selado até o próximo fim de semana. Recado. Na primeira atividade campanha do 2.º turno, Aécio mandou na segunda-feira um recado para a presidenciável derrotada na etapa inicial da campanha de que aceita fazer com ela uma discussão programática para receber em troca seu apoio, que sai da primeira fase da disputa eleitoral com mais de 22 milhões de voto. Durante entrevista coletiva em São Paulo, o tucano acenou a futuros aliados e afirmou que suas propostas podem ser “aprimoradas”. Para ele, seu programa de governo e o do PSB “têm mais pontos convergentes do que divergentes”. Em uma entrevista coletiva após a derrota no domingo, Marina falou que aceitaria discutir seu apoio no segundo turno desde que houvesse concordância das proposições entre o projeto dela e o do candidato a quem ela ofereceria seu capital eleitoral. ‘Convergências’. Informado durante entrevista de que Marina só encamparia um projeto que propusesse o fim da reeleição, a manutenção dos avanços econômicos e sociais e a inclusão do tema sustentabilidade na agenda do Brasil, Aécio confirmou ali mesmo seu compromisso com os três temas ao avaliar que seu programa já contempla essas exigências. “Eu vejo neles e até em outras propostas absoluta convergência entre aquilo que nós pensamos e queremos para o Brasil. E, se vocês avaliarem os nossos programas, vão encontrar muito mais pontos de convergências do que pontos divergentes”, disse Aécio. Ele avançou, mostrando também estar disposto a mexer em pontos de suas proposições. “As nossa propostas estão aí e, obviamente, elas sempre poderão ser aprimoradas”, sinalizou em um claro movimento para atrair futuros aliados que queiram apoiar seu projeto. ‘Monstros do presente’. A campanha de Aécio deverá assumir neste 2.º turno o estilo “bateu-levou”, já que terá direito ao mesmo tempo de TV e rádio que sua adversária, a presidente Dilma Rousseff (PT). “Me surpreende abrir hoje os jornais e ver a candidata oficial falar de fantasmas do passado. Na verdade, os brasileiros estão muito preocupados são com os monstros do presente: inflação alta, recessão, corrupção”, provocou. E concluiu: “Quero aqui convidar a candidata Dilma Rousseff a fazermos uma campanha em alto nível, uma campanha propositiva, à altura daquilo que esperam de nós os brasileiros. Da minha parte, sempre com enorme respeito”. Aécio também participou nesta segunda-feira de uma reunião com seus coordenadores de campanha. Ficou definido que a primeira atividade de rua do acontecerá hoje na capital paulista: uma visita a trabalhadores da construção civil. Ex-rivais internos no PSDB, Aécio, Alckmin e José Serra - senador eleito por São Paulo - estão politicamente afinados na campanha presidencial deste ano. O governador se comprometeu a manter o ritmo de campanha e utilizar o horário do almoço e pós - expediente para participar de eventos com Aécio. Coordenador da campanha à reeleição do PSDB em São Paulo, Edson Aparecido foi escalado para reforçar a campanha presidencial no 2.º turno. Serra, por sua vez, se comprometeu a manter agendas específicas de campanha para o presidenciável. / COLABOROU RICARDO CHAPOLA 

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