Polícia investiga ameaças do PCC a candidatos em Campinas

Criminosos da facção seriam contratados por outros candidatos para impedir a entrada de concorrentes em seus bairros, mas a polícia não descarta intimidação por iniciativa própria do PCC

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Por Claudio Liza Junior
Atualização:

CAMPINAS  – A Polícia Civil de Campinas iniciou investigação para apurar a contratação de criminosos supostamente ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) por candidatos, para impedir a entrada de concorrentes em seus bairros. A ação contará com policiais nas ruas monitorando campanhas e será comandada pela 1ª Delegacia Seccional. A polícia tem indícios de envolvimento de ao menos três criminosos, e também candidatos, mas não informa detalhes para não prejudicar a apuração. A maioria dos alvos concorre a vereador por diversos partidos. As ameaças também já teriam chegado a candidatos a prefeito.

O delegado da 1ª Seccional, Nestor Sampaio Penteado Filho, diz que a polícia recebeu denúncias anônimas e áudios com ameaças de violência e até de morte direcionados a líderes comunitários de pelo menos seis áreas periféricas, nos bairros Campo Belo, São Fernando, São Marcos, Santa Mônica e regiões do Campo Grande e Ouro Verde. As pistas até agora são de contratação de criminosos, porém a polícia não descarta intimidação por iniciativa própria do PCC em alguns casos, direcionada a partidos ligados ao governo do Estado, por exemplo.

A ação dos criminosos ocorreria em regiões periféricas de Campinas e tem como alvo candidatos a vereador, mas um candidato a prefeito também teria sido ameaçado. Foto: Denny Cesare / Estadão

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Na maioria das vezes, segundo a polícia, líderes do crime organizado enviam áudios a integrantes da comunidade ligados a partidos, que já evitam levar seus candidatos ao local, em visitas previstas principalmente aos fins de semana. Eles, porém, também trabalhariam com olheiros nos bairros. Em um caso específico, uma representante partidária foi avisada para retirar sua candidata, que já estava na região, para “não se arrepender”.

“Nosso objetivo é não só identificar os autores das ameaças, mas sobretudo garantir a eleitores e candidatos o exercício do sagrado direito democrático de participar de uma eleição”, afirmou o delegado.

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