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PMDB, onde sempre esteve

Por João Bosco Rabello
Atualização:

Ainda a maior máquina partidária, o que o faz um aliado imprescindível a qualquer governo, o PMDB historicamente condiciona seu apoio político a um tratamento proporcional ao peso do partido, e ao vigor eleitoral do parceiro no comando do País. Ao menor sinal de erosão de uma dessas variáveis corresponde uma reação, cuja intensidade é determinada pelo grau de ameaça percebido. A história se repete agora quando o governo começa o ano da campanha da reeleição mais fragilizado do que previra. O pano de fundo da insatisfação do PMDB são as condições mais competitivas dadas pelo governo ao PT, contemplado com pastas ministeriais bem mais influentes no processo eleitoral, e privilegiado na formação das alianças país afora.A presidente Dilma, se inclina por uma solução que abra mais espaço ao partido, sem aumentar sua cota ministerial, preservando a capacidade do PMDB de exercer influência política junto a aliados e financiadores de campanhas.O que preocupa o governo é o risco de perda de apoio em regiões estratégicas, num eventual processo de "cristianização" promovido pelo PMDB, com reflexos na campanha presidencial. O partido é facilitado pelas condições gerais adversas ao governo. Embora dissimule as dificuldades, o Planalto sabe que os 43% de aprovação da presidente representam um índice vulnerável para quem está no Poder. A deterioração da economia é real e gradativa e o governo já traiu suas preocupações com os efeitos desse quadro no cotidiano do eleitor mais de uma vez. Embora a influência da economia na eleição dependa do grau de percepção do eleitor, este já foi menor do que agora.No cenário mais amplo, que inclui a conquista do governo de São Paulo, o ex-presidente Lula continua tenso com o efeito do fraco desempenho do prefeito Fernando Haddad sobre a candidatura de Alexandre Padilha que não afetou, até aqui, o favoritismo do governador Geraldo Alckmin.A Copa do Mundo, um ativo eleitoral importante, ocorrerá com maus índices de mobilidade urbana e violência, que podem reduzir o poder ufanista do torneio, sempre unificador.Passagens caras, trânsito infernal, aeroportos inconclusos, serviços urbanos abaixo da exigência mínima, podem contaminar a eleição, pela afetação do humor do eleitor.São, portanto, acima do desejável, as apreensões do governo em 2014. Vão da economia às alianças regionais, passando pela crise entre os partidos da base e alcançando os riscos de uma Copa que aumentará a população das grandes cidades, desafiando a capacidade de gestão de um sistema já saturado.

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