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PMDB deve elevar cacife no governo Aécio, diz cientista

Por Raquel Massote
Atualização:

O resultado inesperado do primeiro turno das eleições para prefeito de Belo Horizonte deverá assegurar ao PMDB cacife político para cobrar uma participação mais expressiva do partido no governo de Minas Gerais. Essa é a avaliação do cientista político e sociólogo Rudá Ricci, doutor em ciências sociais. "Da mesma forma que o PMDB apresentou a fatura ao presidente Lula, agora poderá cobrar uma participação maior no governo do Estado", disse Ricci. Hoje, o PMDB faz parte da base de Aécio no âmbito estadual. A votação surpreendente do candidato a prefeito Leonardo Quintão (PMDB), além de frustrar a vitória da aliança firmada entre o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT), abriu espaço para a candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), um dos principais apoiadores do peemedebista, a governador de Minas em 2010. Costa é o único nome da legenda até o momento cotado para a disputa do governo do Estado. Para Ricci, além disso, a segunda etapa da eleição na capital mineira significou um "enfraquecimento" político para Aécio. Porém, ele afirma acreditar que o maior perdedor é Pimentel. No domingo, contrariando as expectativas, o candidato do PMDB a prefeito de Belo Horizonte obteve 41,26% dos votos válidos e manteve-se na disputa contra o candidato Márcio Lacerda (PSB) - com 43,59% dos votos -, que é apoiado pelo governador de Minas Gerais e pelo prefeito de Belo Horizonte. No caso de Aécio, ainda que o PSDB tenha conquistado 159 prefeituras em Minas, perdeu importantes disputas cidades-pólo, como Betim, Governador Valadares e Ipatinga - todas vencidas pelo PT. No dia seguinte ao primeiro turno do pleito, o governador de Minas rejeitou o rótulo de derrotado e assumiu o compromisso de uma participação mais atuante na campanha de Lacerda para deixar claro que o apóia. "Só posso ter um candidato", disse. Mas, no caso de Pimentel, Ricci disse que a perda seria maior, pois, além de não conseguir uma vitória consagradora do candidato do PSB a prefeito de Belo Horizonte na primeira fase, sai da disputa sem nenhum cargo e colecionando desafetos dentro do PT, incluindo não apenas os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, como também prefeitos petistas do interior mineiro e entre os sindicatos e movimentos sociais. Na avaliação do cientista político, se Lacerda não sair vitorioso do segundo turno, o prefeito teria de buscar um acordo para chegar ao ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não perder a visibilidade até a disputa pela administração estadual.

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