
25 de junho de 2013 | 02h12
O ex-governador José Serra definiu ontem como "sem pé nem cabeça" a proposta da presidente Dilma Rousseff de se convocar um plebiscito para ouvir a população sobre a convocação de uma assembleia constituinte exclusiva para se fazer a reforma política no País. Lembrou que, se aprovada, essa escolha, possivelmente em pleno ano eleitoral (em 2014), não seria nada aconselhável. "Sem levar em conta que é inconstitucional", acrescentou.
Convidado do programa Roda Viva, da TV Cultura, Serra desfiou, por cerca de uma hora e meia, críticas ao governo petista no poder desde 2002. Os protestos de rua atuais, segundo ele, mostram que o atual modelo político brasileiro "é um ciclo que está esgotado". O Brasil "está sem rumo" e isso "passa para a sociedade". Na economia, "não tem como o consumo crescer, a economia está parada e existe uma vulnerabilidade externa". Completou o raciocínio afirmando que "o governo (federal) está encurralado". Advertiu, adiante, que os impactos do cenário econômico na política não são "mecânicos".
Sobre o papel dos partidos - nos atuais episódios e no futuro - o tucano José Serra entende que "ninguém vai faturar", com as mudanças que estão ocorrendo. "E quem achar que sabe o que vai acontecer está completamente por fora", acrescentou. Convidado a comentar a ação da Polícia Militar nos protestos de São Paulo, fez elogios à corporação mas defendeu que "os casos de abusos devem ser punidos, de lado a lado".
Em praticamente todas as respostas o tucano dirigiu críticas aos governos do ex-presidente Lula e de Dilma. Saudou a criação, desde 2002, de cerca de 21 milhões de empregos pelos governos petistas, "mas todos na faixa até dois salários mínimos". E completou dizendo que na faixa acima dos dois mínimos "o total de empregos no Brasil foi reduzido de 5 a 6 milhões, no mesmo período" - segundo ele como "um fruto direto da desindustrialização".
Ele negou que "neste momento" pense em deixar o PSDB para se candidatar à Presidência por outro partido.
Em outra de suas críticas, o ex-governador afirmou que, segundo estatísticas internacionais, entre cerca de 160 países do planeta o Brasil "está entre os dez últimos, que menos investem em infraestrutura".
Sobre os royalties do petróleo que serão destinados integralmente à educação, Serra mencionou que "isso demora uns seis anos (para começar a render) e vai dar uns R$ 8 bilhões por ano". Comparou com o que se gasta hoje no setor, cerca de R$ 200 bilhões. Ou seja, os royalties vão representar um aumento de 4%", afirmou.
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