PF suspeita que empresas fantasmas pagaram dívida de jato usado por Campos

Seis fontes pagadoras, sem lastro financeiro e endereço, custearam débito de R$ 1,7 milhão para a compra do Cessna

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Por Ricardo Brandt
Atualização:

Empresas com endereços fantasmas e sem lastro financeiro custearam o pagamento de uma dívida de R$ 1,7 milhão para a compra do Cessna Citation usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. No dia 13 de agosto, a aeronave caiu em Santos, no litoral paulista, mantando, além de Campos, candidato à Presidência da República pelo PSB, outras seis pessoas.

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São seis fontes pagadoras que fizeram transferências bancárias para a AF Andrade - dona da aeronave nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil. Elas teriam assinado contratos de empréstimo para o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, que afirmou ontem ser o comprador do jato.

Os empréstimos para pagamento, segundo ele, foram feitos em troca do uso do jato, antes da compra ser efetivada e aprovada. “Os valores recebidos foram para pagar parcelas vencidas do leasing do avião (...) para permitir que a Cessna, financiadora da aeronave, agilizasse a operação de venda”, afirmou o empresário.

Sete pessoas morreram no acidente que matou Eduardo Campos Foto: José Patrício/Estadão

As suspeitas da Polícia Federal são de que João Carlos Lyra, junto com os empresários Apolo Santana Vieira - dono de outro jato usado por Campos antes da campanha - e Eduardo Freire Bezerra Leite foram usados para ocultar a compra da aeronave, no valor de US$ 8, 5 milhões, com dinheiro de caixa 2 da campanha. Caso o ilícito se confirme, novas investigações serão abertas à partir do “inquérito mãe”, sobre a queda.

A PF já tem em mãos a lista dos depósitos e sabe que algumas das fontes pagadoras são firmas que não existem no endereço declarado. Uma delas é a Geovane Pescados, na periferia de Recife. Outra é a Vasconcelos & Câmara, que depositou R$ 159 mil.

Outra empresa envolvida que não funciona no endereço de registro em Pernambuco é a RM Construções.

João Carlos Lyra é enteado do ex-senador e ex-deputado federal por Pernambuco Luiz Piauhylino Monteiro (PSB), aliado de Eduardo Campos. Ele mesmo fez um depósito de R$ 195 mil.

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Além do enteado, o filho do ex-parlamentar aparece entre os financiadores do jato. Luiz Piauhylino Monteiro Filho divulgou nota ontem informando ter emprestado a João Carlos Lyra R$ 325 mil. Pelo contrato assinado entre eles, o dinheiro foi transferido no dia 14 de maio para a AF Andrade. 

A outra empresa financiadora foi a Ele Leite Negócios Imobiliários Ltda. - cujo nome ainda não havia sido citado na compra do jato. Ela declarou ontem ter emprestado R$ 727,7 mil a João Carlos. O dinheiro foi transferido diretamente no dia 15 de maio para a A.F. Andrade. 

A Leite Imobiliária é uma micro empresa que pertence a Eduardo Bezerra. Em foto divulgada pelo Estado, no sábado, ele aparece com outros dois empresários de Pernambuco buscando o jato em Ribeirão Preto (SP). 

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