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PF acha elo de Valério e empresário do ABC

Documento apreendido com contadora do doleiro Alberto Youssef mostra empréstimo de R$ 6 milhões entre condenado no mensalão e empresa de Ronan Maria Pinto, empresário de Santo André

Foto do author Andreza Matais
Foto do author Fausto Macedo
Por Andreza Matais e Fausto Macedo
Atualização:

BRASÍLIA - A Polícia Federal apreendeu no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef um contrato de empréstimo no valor de R$ 6 milhões entre o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado no esquema do mensalão, e uma empresa de Ronan Maria Pinto, empresário de Santo André (Grande SP).

O Estado teve acesso a cópia do contrato entre a empresa 2 S Participações Ltda, de Valério, e a Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria, e a Remar Agenciamento e Assessoria. 

Empresa de Valério (de camisa vermelha) fez contrato para repassar R$ 6 mi Foto: WESLEY RODRIGUES/HOJE EM DIA - 16/11/2013

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O documento foi assinado em outubro de 2004. As prestações seriam pagas entre 2004 e 2005. Na capa do contrato esta escrito à mão “Enivaldo” e “confidencial”. Enivaldo pode ser uma citação a Enivaldo Quadrado que trabalhava para Youssef e teve o nome envolvido no esquema do mensalão. Youssef é apontado pela PF como operador de um esquema de desvio de dinheiro de contratos da Petrobrás e lavagem de dinheiro. 

Em depoimento ao Ministério Público em dezembro de 2012, revelado pelo Estado, Valério afirmou que dirigentes do PT pediram a ele R$ 6 milhões que seriam destinados ao empresário Ronan Maria Pinto. O dinheiro serviria, segundo Valério, para que o empresário parasse de chantagear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. 

Ronan tentava relacionar Lula, Carvalho e Dirceu a suspeitas de corrupção na cidade que teriam motivado o assassinato do prefeito Celso Daniel, em 2002 - a conclusão da polícia paulista é de que ele foi vítima de um crime comum, não político.

Citação. O nome da Expresso Nova Santo André, da qual Ronan Maria é sócio, aparece apenas no último parágrafo do contrato assinado por Valério (que assina o documento) e por um representante da Remar Agenciamento e Assessoria. No documento, contudo, esta claro que a empresa de Ronan é “mutuária” do acordo de empréstimo. 

A Remar está em nome de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho e Salua Sacca Vieira. Ela afirmouque seu nome foi colocado como sócia da empresa pelo ex-marido, Oswaldo, sem seu consentimento. “Meu nome estava ai de gaiato, de bobeira. Não trabalhava com ele, não sei o que essa empresa faz”, afirmou Salua. Vieira Filho não foi localizado. 

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Ronan foi procurado na noite desta sexta-feira, 22, mas não se manifestou. O operador do mensalão esta preso em Minas, onde cumpre pena de mais de 37 anos por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Na época em que o Estado revelou o depoimento de Valério ao MP, o PT não se manifestou oficialmente, mas dirigentes declararam que ele não merecia crédito.

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