Petista e tucano usam táticas opostas em disputa equilibrada

Segundo Ibope, no Mato Grosso do Sul, Delcídio tem 51% dos votos válidos contra 49% de Reinaldo

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

CAMPO GRANDE - Os cavaletes espalhados pelas praças e avenidas de Campo Grande dão uma pista da estratégia usada pelos candidatos na disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul. Enquanto o candidato do PSDB, Reinaldo Azambuja, aparece colado ao postulante do partido à Presidência, Aécio Neves, o concorrente do PT, Delcídio Amaral, figura sozinho. O senador petista optou por fazer campanha descolado da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.

Enquanto o candidato do PT faz campanha descolado de Dilma, rival do PSDB enaltece imagem de Aécio Foto:

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No 1.º turno, a presidente foi menos votada que Delcídio no Estado. O candidato teve 42,9% dos votos e Dilma, 37,4%. A campanha de Delcídio informou que, em razão de sua atuação profissional e política, o candidato se tornou maior que o próprio partido no Estado. Isso explicaria por que sua propaganda “esconde” a sigla - o PT é grafado no menor limite autorizado pela legislação. 

Delcídio garante que trabalhou para eleger a presidente. “A Dilma cresceu e vamos vencer juntos no Estado”, disse.

No lado tucano, a situação se inverte: Aécio foi lembrado por 41,3% dos eleitores, Reinaldo teve 39% dos votos. Nos últimos dias, na tentativa de atrair a cota extra de votos do presidenciável, a campanha do tucano teve o reforço do senador eleito José Serra e do próprio Aécio. “O outro lado esconde a candidata dele porque tem vergonha de mostrar. Não só aqui, mas em todo o País há um sentimento anti-PT que faz crescer as candidaturas do PSDB”, justificou Reinaldo.

Dilma não foi a Mato Grosso do Sul durante a campanha. Na quarta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez carreata ao lado de Delcídio. 

Ataques. A exemplo do cenário nacional, a campanha foi marcada por ataques mútuos. Reinaldo procurou vincular Delcídio ao escândalo da Petrobrás - na propaganda, o opositor se transformou em “Delcídio do PT”.

A campanha do petista, além de buscar a comparação das trajetórias - Delcídio fez carreira internacional como engenheiro elétrico, até ser ministro e senador reeleito, enquanto Reinaldo, produtor rural, foi prefeito de Maracaju, no interior, deputado estadual e federal -, explorou o fato de um tucano, o governador paulista Geraldo Alckmin, ter proposto uma divisão do ICMS do gás boliviano desfavorável ao Estado. 

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O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) recebeu mais de 80 representações no 2.º turno. Na reta final, a campanha de Delcídio, mais agressiva, perdeu 88 minutos de propaganda.

As propostas dos dois candidatos são parecidas para as áreas de saúde, segurança e educação. Ambos deixam em segundo plano os problemas fundiários e a questão indígena, graves no Estado.

No início da semana, as pesquisas apontavam Reinaldo numericamente à frente, mas em situação de empate técnico com Delcídio. As eleições podem ser decididas pelos 373.191 eleitores que deixaram de votar no 1.º turno. O petista acredita que foi mais prejudicado - parte do seu eleitorado está nos grotões, em assentamento rurais e aldeias indígenas. No Estado, são 120 mil assentados e 75 mil índios.

Reinaldo busca repetir a vitória do 1.º turno nos maiores colégios locais, a capital e a cidade de Dourados. Conta, ainda, com a transferência de votos do candidato do PMDB, Nelson Trad Júnior, terceiro colocado no 1.º turno com 16%. Em direção oposta à do partido nacionalmente, o peemedebista aderiu à campanha do tucano. O governador André Puccinelli (PMDB), eleitor de Dilma, optou pela neutralidade.

Pesquisa. De acordo com a pesquisa do Ibope, divulgada neste sábado, 25, os dois candidatos estão em empate técnico. Delcídio tem 51% do total de votos válidos. Já o oponente, Azambuja tem 49% dos votos válidos. 

O levantamento ocorreu entre a quinta-feira e hoje, e ouviu 2002 eleitores. A margem de erro é de 2% e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa foi encomendada pela Televisão Morena Ltda. e registrada no Tribunal Regional Eleitoral sobre o número de 00079/2014.

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