Pesquisas nortearam ações do Planalto pós-junho

Parte das políticas públicas adotadas pelo governo após os protestos foi influenciada pelos levantamentos realizados

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Por Caio Junqueira
Atualização:

BRASÍLIA - A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) resolveu divulgar ontem em seu site parte das pesquisas de opinião pública contratadas para avaliar áreas do governo após a série de manifestações de junho do ano passado. O Estado havia revelado em outubro a existência das pesquisas. Na época, porém, o Palácio do Planalto não divulgou seu conteúdo. A divulgação, agora, ocorre um dia depois de o jornal voltar a solicitar os resultados. O teor das pesquisas mostra que boa parte das políticas públicas que o governo adotou após os protestos foi influenciada pelos levantamentos. Na primeira delas, feita por telefone pelo instituto Ibope, em 28 de junho, a pergunta feita foi: "Que área deve ser, na sua opinião, a mais importante para a atuação do Governo?". Para 84% dos entrevistados, a saúde era a área mais deficitária. Semanas depois, o governo anunciou o programa Mais Médicos, que contrata profissionais estrangeiros. Em seguida, educação apareceu como a área mais importante, com 61% das respostas. Após os protestos, o governo acelerou a aprovação do projeto de lei que destina royalties de petróleo para o setor.No mesmo levantamento, o governo quis compreender por que os protestos continuavam: "Considerando que já houve a redução das tarifas de transporte público em várias cidades brasileiras, por que motivo na sua opinião os protestos continuam?". Para 19%, a resposta foi que a população demandava "maiores investimentos em saúde e educação"; 15% disseram ser contra a corrupção; 5% "contra os políticos em geral" e 5% "contra a Fifa/ Copa no Brasil". Nos quatro dias seguintes, o governo fez sondagens diárias sobre as manifestações enquanto elas continuavam nas ruas. De 11 a 14 de julho foram feitas mais pesquisas, só que no modelo em que o entrevistado responde pessoalmente. Segundo uma regra determinada pela Secom, todas as pesquisas serão divulgadas após três meses. Essa primeira leva seria uma exceção: só seria divulgada em dezembro. No entanto, acabou sendo divulgada apenas após uma nova solicitação do Estado anteontem. O Ibope foi contratado por R$ 4,6 milhões. O Virtú Análise, por R$ 1,8 milhão.

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