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Pesquisa eleitoral repercute entre partidos e pré-candidatos

Siglas como PT, Rede e PCdoB comentaram os resultados das primeiras estatísticas das eleições presidenciais após a prisão de Lula

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Por Nayara Figueiredo e Ligia Formenti
Atualização:

Os partidos envolvidos na disputa presidencial deste ano repercutiram a pesquisa eleitoral divulgada pelo Datafolha, na madrugada deste domingo, 15. Os resultados apontam nove cenários diferentes e as siglas comentaram as principais conclusões do levantamento.

A ex-ministra Marina Silva (Rede) aparece entre os três primeiros colocados do Datafolha em todos os cenários Foto: AFP

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Por meio de nota oficial, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) informou ao Broadcast Político que está otimista com o desempenho inicial de sua pré-campanha, mas considera os cenários ainda incipientes. Na sua opinião, o eleitor começará a definir seu voto apenas a partir de agosto. Na pesquisa atual, com um cenário que mantém o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) candidato, Alckmin atinge 7% das intenções de voto.

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Representando a visão da Rede, o deputado federal Miro Teixeira afirmou estar entusiasmado com os resultados que apontam a candidata Marina Silva em segundo ou terceiro lugar, dependendo do cenário, oscilando entre 15% e 16%. Em todas as projeções, ela está logo atrás de Jair Bolsonaro (PSL).

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Pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB e deputada estadual no Rio Grande do Sul, Manuela d'Ávila usou sua conta no Facebook para comemorar os números. No cenário com Lula candidato, a gaúcha chega a 2% das intenções de voto. Mas o resultado que fez a deputada ir às redes sociais e convocar seus fãs a acompanharem sua candidatura ocorre em dois cenários hipotéticos: ela chega a 3% das intenções de voto em um dos cenários em que Fernando Haddad é o candidato do PT e, também, atinge a marca caso Jacques Wagner seja o escolhido pelos petistas, ainda segundo o Datafolha. O Partido dos Trabalhadores (PT) disse em comunicado que houve "manobra" entre os cenários expostos e reitera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o candidato do partido, independentemente, de sua prisão. Em cenário de participação do petista, Lula ainda aparece na primeira posição, com 31% - antes de ser encarcerado pela Lava Jato ele tinha 37% das intenções de voto.

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Pré-candidato à Presidência da República pelo DEM, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), afirmou que a pesquisa Datafolha não traz nenhuma surpresa para ele. Na avaliação do presidenciável, o levantamento só comprova o que o meio político já esperava: que a indefinição sobre a disputa presidencial aumenta com a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do pleito.

Virtual candidato do MDB, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou que a pesquisa veio "dentro do esperado". Na avaliação dele, que continuou com 1% das intenções de votos no melhor dos cenários, somente pré-candidatos que enfrentam acusações e outros problemas tendem a oscilar nas pesquisas durante a pré-campanha.

O empresário e pré-candidato à Presidência pelo PRB, Flávio Rocha, acredita que o alto patamar de eleitores que declararam o voto em branco ou nulo na pesquisa Datafolha abre uma lacuna para a expansão de seu projeto de campanha. Em entrevista ao Broadcast Político, ele afirmou que a conquista deste eleitorado ainda indeciso o levará até o segundo turno.

O que disseram os partidos e os pré-candidatos

PSDB

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

"A campanha de Geraldo Alckmin está otimista com a receptividade encontrada nesse início de pré-campanha e com as alianças já encaminhadas", afirmou, em nota, o partido. Entretanto, o comunicado ressaltou que a pesquisa precisa ser vista com cautela "neste quadro em que candidaturas seguras misturam-se a meras possibilidades, criando cenários e números de relevância questionável".

O ex-governador também questionou a distinção entre os cenários apresentados nesta e na última pesquisa do Datafolha, realizada no final de janeiro. Desta forma, ele acredita que os números apurados no levantamento mais recente "não permitem inferir qualquer tipo de evolução". "Pesquisas são retratos do momento e o momento é de completa indefinição", acrescentou.

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Especificamente no eleitorado paulista, Alckmin aparece com 16%, tecnicamente empatado com Jair Bolsonaro (16%) e Marina Silva (13%). A pesquisa destacou, ainda, uma avaliação da gestão do tucano que mostra aprovação plena entre 36% dos entrevistados. Outros 40% a classificam como regular e 22% ruim ou péssima.

Rede

A ex-ministra Marina Silva (Rede) Foto: José Patrício/Estadão

"Agora é preciso trabalhar, mostrar o que ela fará pelo País", disse o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ). Para Miro, não há como fazer uma associação entre o crescimento de Marina nas pesquisas com a prisão do ex-presidente Lula.

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Na avaliação do deputado, o destaque obtido por Marina no levantamento é resultado exclusivo de toda trajetória da ex-ministra e senadora. "Além disso, até pouco tempo, poucos sabiam que Marina sairia candidata. Isso mudou com o lançamento da sua candidatura na convenção realizada há poucos dias", completou.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pela candidata da Rede, reconheceu Teixeira, é o pouco tempo de propaganda eleitoral. "Mas vamos compensar, com atuação nas redes sociais." Para o deputado, a boa colocação nas pesquisas trará benefícios para o partido como um todo. Isso porque, emendou, há maiores chances de composições e coligações nos estados, nas demais disputas eleitorais.

Manuela D'Ávila

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"Chegar em abril com 3% de intenção de voto, com uma pré campanha sem estrutura, com a comunicação via internet no estilo Glauber Rocha (um celular na mão e um monte de ideias para o Brasil na cabeça) é um motivo de muita alegria", afirmou Manuela D’Ávila em uma publicação no Facebook.

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Na postagem, Manuela ressalta a militância de seu partido e o fato de que o PCdoB não lançava um candidato presidencial desde 1946. Além disso, ela afirma que "ainda tem muito chão pela frente" e destaca um vídeo gravado em fevereiro que mostra um tutorial sobre como o internauta pode colaborar com sua candidatura. "Vamos juntos nos rebelar pela liberdade do Brasil, das brasileiras e brasileiros", finaliza.PT

Lulana sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, horas antes de se entregar à Polícia Federal e mexer com as projeções das eleições presidenciais Foto: Nelson Antoine/AP

"Para o PT, a definição de candidatura para as eleições de outubro de 2018 está clara: Lula será o nosso candidato aconteça o que acontecer", enfatiza o PT, ao justificar a manutenção das vigílias instaladas em Curitiba (PR) que pedem a liberdade do petista. "Ainda assim, dos nove cenários estudados, o instituto de pesquisas realizou seis deles sem o ex-presidente. A manobra para tentar criar um imaginário em que Lula não esteja no pleito esbarra numa questão fundamental: a preferência popular", avalia o partido.

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O PT destaca que, mesmo após a "prisão política" do ex-presidente, Lula segue na liderança das pesquisas, com uma média entre 30% e 31% das intenções de voto para o primeiro turno. Na sequência, o partido considera empate técnico entre Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede), com intenções que vão de 15% a 17%. "Ou seja: Lula tem o dobro das intenções de voto dos candidatos que, empatados, liderariam o pleito se ele é retirado artificialmente da disputa", analisa o comunicado.

Para um eventual segundo turno, o partido acredita que Lula seria "imbatível", com intenções de voto entre 46% e 48%. Ao final, a nota cita a Pesquisa Ipsos, divulgada pelo jornal Estado, ontem, com a informação de que 52% da população acredita que a Operação Lava Jato não está investigando todos os políticos e apenas 43%, o mínimo histórico atingido, avalia que ela investiga todos os partidos.

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Rodrigo Maia

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é pré-candidato ao Planalto pelo DEM Foto: Wilton Junior|Estadão

"Nenhuma surpresa. Sem Lula, a indefinição aumenta", afirmou Maia ao Broadcast Político. Para ele, nem mesmo o desempenho entre 8% e 10% do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, recém filiado ao PSB, surpreendeu. "A expectativa de muitos era Joaquim Barbosa com 15%, 20%. Eu não esperava. Acha que que ele viria entre 8% e 10% mesmo", disse o parlamentar fluminense.  Na pesquisa do Datafolha, o presidenciável do DEM se manteve com 1% das intenções de voto, no melhor dos cenários, com ou sem Lula na disputa. Ele afirmou que não esperava melhorar seu desempenho. "Não esperava. A agenda das últimas três ou quatro semanas foi Lula e seu entorno. E o prazo de filiações (que acabou em 7 de abril) parou tudo", justificou o presidente da Câmara. 

Henrique Meirelles

Meirelles tenta construir candidatura ao Palácio do Planalto Foto: Dida Sampaio|Estadão

"Os resultados estão dentro do esperado. Nesta fase da pré-campanha, os números tendem a não sofrer grandes alterações, com exceção daqueles que estão enfrentando acusações e problemas", disse o ex-ministro da Fazenda. "No meu caso, o mais importante agora são as pesquisas qualitativas que mostram que eleitores que têm acesso ao meu histórico reagem positivamente em sua grande maioria", acrescentou.

PSB

O líder do PSB na Câmara, deputado Julio Delgado (MG), afirmou que o resultado da pesquisa divulgada pelo Datafolha mostra que o lançamento da pré-candidatura de Joaquim Barbosa seria “irreversível”.  Na primeira sondagem em que foi testado em todos os cenários, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) tem entre 8% (no cenário com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e 10% (sem o petista) das intenções de votos.  "Com estes números, com uma semana de filiação, não tem mais volta”, afirmou o parlamentar mineiro.

Flávio Rocha

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Flávio Rocha é pré-candidatoà Presidência da República nas eleições 2018 Foto: Helvio Romero/ Estadão

De acordo com a pesquisa, nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mantido como candidato, o índice de Brancos e nulos gira em torno de 13% a 14%. Ao excluir o petista da disputa presidencial, este porcentual salta para 23%. "Isso nos deixa muito confiantes. Este grande porcentual de eleitores que não sabem onde votar significa que eles estão a procura de um projeto que, para eles, ainda não existe. Mas nós temos esse projeto e faremos com que ele seja conhecido através de um vasto esforço de comunicação", diz Rocha.

Até o momento, o desempenho obtido por Rocha na apuração mais recente do Datafolha foi considerado positivo, pois houve pontuação tanto nos cenários com Lula quanto nos que descartam a pré-candidatura do petista. Nas duas situações o empresário aparece com 1% das intenções de voto, tecnicamente empatado com Manuela d'Ávila (PCdoB) com 2%, Rodrigo Maia (DEM) com 1%, Henrique Meirelles (MDB) com 1% ou Michel Temer pelo MDB, com 1%.

Jair Bolsonaro

"O Datafolha não goza de credibilidade no Brasil. Nas últimas eleições em 2014, em 63 oportunidades eles erraram quem ganharia no dia seguinte. Inclusive meu filho, no Rio de Janeiro, deu 7% no sábado e no domingo ele teve 14%. Acreditamos que se não tivesse tido essa pesquisa na véspera, meu filho teria ido para o segundo turno", disse o pré-candidato à Presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), em entrevista ao programa Agora é Com Datena, exibido pela Band na tarde deste domingo, 15.

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