
30 Março 2014 | 02h07
Abrigo de interesses diversos no governo Luiz Inácio Lula da Silva e na gestão de José Sérgio Gabrielli, a maior estatal brasileira vem tendo uma mudança profunda em sua diretoria na busca de afastar apadrinhamentos políticos. A estratégia, porém, acabou por deixar a empresa vulnerável no Legislativo e motiva alguns parlamentares com interesses contrariados a lavar as mãos e até a apoiar investidas contra a Petrobrás.
Dirigentes da empresa afirmam que os parlamentares da base aliada praticamente abandonaram Graça Foster nesse momento de crise num troco à forma como são tratados por ela. Conseguir uma agenda com a presidente da Petrobrás é considerado uma vitória. E quem consegue, frequentemente é mal recebido e dificilmente tem sua demanda atendida. "A verdade é que tem dois grupos, o do Lula e Gabrielli e o da Graça e da Dilma", dispara um deputado federal que está na lista dos que perderam trânsito na empresa.
Desafeto de Dilma, o ex-presidente da Petrobrás tinha apoio amplo no Congresso. Aparecia em algumas oportunidades na Casa para defender os interesses da empresa e controlar eventuais crises. Gabrielli tinha ainda a porta de seu gabinete aberta a receber parlamentares e buscava sempre deixar o interlocutor com a sensação de que sua demanda seria atendida, ainda que isso não acontecesse efetivamente.
A mudança no perfil da diretoria faz com que a estatal tenha de depender hoje de parlamentares fiéis ao governo, não à empresa. São os líderes mais alinhados com Dilma que procuram reduzir os danos da crise política que ronda a Petrobrás.
A avaliação na empresa é que se o governo não atuar fortemente, será difícil controlar a CPI. Os parlamentares mais fiéis a Dilma, por sua vez, acreditam que a investigação pode até trazer prejuízos à imagem da empresa por problemas cometidos na gestão anterior, mas garantem que o time atual não será atingido.
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