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Perfil de eleitor diferencia PT e PSDB

Áreas em que Haddad venceu em São Paulo são as que têm maiores proporções de pobres, negros e pardos; voto em Serra é correlacionado com idade

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Por Redação
Atualização:

Os "muros que separam a cidade pobre da rica", citados no primeiro discurso de Fernando Haddad após a vitória em São Paulo, estão claramente demarcados no mapa da eleição, que, mais uma vez, mostrou dois padrões opostos de votação no centro e na periferia. Nas zonas eleitorais onde o petista venceu, a renda média é de R$ 2.227,57. Onde o tucano José Serra ganhou, a média é 137% maior: R$ 5.286.

 

Os mapas publicados nesta página mostram ainda duas outras variáveis correlacionadas com o resultado eleitoral: concentração de população preta ou parda e proporção de moradores com mais de 65 anos.

 

As pesquisas Ibope/Estado/TV Globo realizadas no 2.º turno, ao segmentar o eleitorado por idade, mostravam que José Serra só liderava entre os paulistanos com mais de 50 anos.

 

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De fato, ele se saiu melhor nas zonas eleitorais com maior proporção de idosos - quase todas elas localizadas na área central e na zona oeste da cidade.

 

Mais do que isso, a estatística mostra uma correlação fortíssima entre o voto em Serra e a proporção de idosos na população. Ela fica em 0,97 em uma escala que vai de -1 a 1. Ou seja, quase no nível máximo. Em termos estatísticos, quanto mais próximo o resultado for de 1, maior a correlação - considera-se que é "fortíssima" quando fica entre 0,90 e 1.

 

A zona eleitoral em que Serra ganhou com maior porcentual (78%), Jardim Paulista, é também a que tem maior fatia de moradores idosos - 16%, o dobro da média da cidade.

 

Cor. No lado de Haddad, a estatística mostra correlação "fortíssima", também de 0,97, entre voto no PT e proporção de pardos e pretos na população. Grajaú e Parelheiros, as duas zonas onde Haddad colheu seus melhores resultados, estão entre as cinco com maior porcentagem de moradores pretos e pardos. No outro extremo, Jardim Paulista, a zona com maior proporção de brancos (92%), foi a que deu menos votos ao petista, em termos proporcionais (22%).

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No caso da renda, quanto mais os moradores ganham, maior é o porcentual de votos de Serra. Nesse caso, a correlação é de 0,82 - índice considerado "forte" em termos estatísticos.

 

A análise do perfil social das zonas é possível graças a uma metodologia desenvolvida pelo Ibope em parceria com o Estadão Dados. O Ibope promoveu um casamento de duas bases de dados: a de resultados eleitorais e a do perfil socioeconômico dos moradores por setor censitário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Com ferramentas de georreferenciamento, o Ibope associou os 1.905 locais de votação nas 58 zonas eleitorais da capital com os 13.193 setores em que os bairros foram divididos para a realização do Censo 2010. Com isso, tornou-se possível cruzar o voto com dados socioeconômicos como renda, sexo, idade e raça.

 

Segundo a diretora executiva do Ibope, Marcia Cavallari, o fenômeno da "clivagem social", presente em São Paulo, vem sendo observado em outros lugares e com frequência cada vez maior.

 

Ela citou os casos de Salvador e São Luís, onde, no 2.º turno, eleitores das zonas ricas e pobres tiveram comportamento diametralmente oposto. Lembrou ainda as eleições presidenciais de 2006 e 2010, nas quais o PT teve votação maior nas áreas mais pobres do País. / COLABOROU AMANDA ROSSI

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