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Paulo Guedes diz que cláusula de votação em bloco é rota para sair da corrupção sistêmica

Coordenador do programa econômico de Jair Bolsonaro também esteve com o general Hamilton Mourão durante almoço no Rio

Foto do author Renata Agostini
Por Renata Agostini e Renata Batista
Atualização:

RIO DE JANEIRO - O economista Paulo Guedes, coordenador do programa econômico de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições 2018, afirmou ao Estadão/Broadcast que defende a cláusula de votação em bloco para partidos políticos há anos e que ela é “uma rota para sair da corrupção sistêmica.”

Segundo ele, seu posicionamento não é “nada secreto” e foi tema de conversa com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em encontro há cerca de seis meses. “(É uma forma de) sair da compra de votos mercenários no varejo para votos partidários no atacado, valorizando os programas dos partidos.”

Paulo Guedes écotado como ministro da Fazenda caso o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) seja eleito Foto: Wilton Junior/Estadão

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A ideia, de acordo com Guedes, é que a cláusula seja usada somente para matérias de natureza econômica e administrativa. “Nunca para sexo, religião, aborto e todos os assuntos de consciência individual”, disse.

O economista afirmou que, ao ouvir sua proposta, Maia reagiu argumentando que isso já existe na forma do “fechamento de questão com fidelidade partidária”. Segundo Guedes, ele não pensou em propor que fosse anulado o voto de deputado contrário à orientação partidária, mas que seja aplicada de fato a fidelidade partidária.

Neste sábado, 22, Maia declarou ao Estadão/Broadcast que nunca tratou com Guedes sobre mudanças no sistema de votação da Casa dando "superpoderes de partidos".

Segundo o jornal O Globo, Guedes reuniu-se com Rodrigo Maia para tratar sobre a adoção do que ele chamou de "voto programático de bancada", onde todos os votos de uma bancada seriam computados integralmente a favor de um projeto se mais da metade dos parlamentares daquele partido votarem a seu favor.

"Nunca tratei com ele sobre isso", disse Maia. Ele afirmou também não conhecer o teor da proposta. "Não posso falar sobre o que não conheço. Pela imprensa, parece uma ideia ruim", afirmou. 

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Guedes disse que houve uma "leitura equivocada" de sua proposta.

Fidelidade

Atualmente, partidos “fecham questão” sobre temas que consideram cruciais, orientando o voto de sua bancada no Congresso. As legendas podem até punir posteriormente os parlamentares que decidam votar contra essa orientação, mas o voto dissidente é computado no plenário conforme escolha do congressista.

Como mostrou o Estado, em conversas fechadas que vem mantendo com investidores e gestores de fundos nas últimas semanas, Guedes tem reafirmado o caráter liberal de seu projeto, mas buscado dar uma visão mais pragmática sobre o que pode ser feito.

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Num desses eventos, Guedes transmitiu a mensagem de que não é possível deixar de lado a composição com partidos tradicionais e que um governo Bolsonaro precisará fazer acordos, por exemplo, com siglas do Centrão. Ele mencionou, de acordo com o relato de uma fonte presente, que há um caminho para interlocução com Rodrigo Maia, com quem já teve conversas no passado.

Guedes e general Hamilton Mourão se encontram em almoço no Rio

Paulo Guedes e o candidato à vice na chapa, general Hamilton Mourão, tiveram seu primeiro encontro neste sábado, no Rio de Janeiro. A conversa aconteceu durante o almoço e foi confirmada por Guedes, que saiu de casa por volta de 12h. Ele não quis, porém, dar detalhes do encontro, mas disse ao Estadão/Broadcast, que permanecerá à frente da estratégia econômica da campanha, negando rumores que circularam no mercado financeiro.

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“Eu coordeno uma equipe de mais de 30 economistas que trabalham no programa econômico e o general Mourão coordena uma equipe semelhante na área de infraestrutura. São áreas que conversam. Não falamos de política no encontro”, afirmou Guedes. 

Guedes também não quis comentar as últimas polêmicas em que foi envolvidos, como as propostas de retomar a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), de alterar as alíquotas do Imposto de Renda e de implementar um sistema de votos programáticos no Congresso Nacional.

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Nos últimos dias, Guedes e Mourão se envolveram em várias polêmicas e acabaram sendo desautorizados por Bolsonaro, enquanto o presidenciável estava na unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, com restrições de visitas, após ser submetido a segunda cirurgia decorrente da facada que levou em um evento de campanha, em Juiz de Fora (MG). O candidato do PSL pediu que eles interrompessem a agenda de campanha. Desde então, nem Mourão nem Guedes participaram de eventos públicos. 

Guedes passou a manhã em sua casa, no Leblon, zona sul do Rio, depois de ter cancelado a participação em um debate com economistas de presidenciáveis realizado na manhã deste sábado pela XP Investimentos, na capital paulista. De acordo com o mediador do painel, jornalista Valdo Cruz, ele alegou problemas de agenda para desmarcar o compromisso.