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Pastor afirma que não vai pautar eleição com temas polêmicos

Pré-candidato do PSC à Presidência, Everaldo Dias Pereira diz que só vai 'dizer o que pensa' se provocado pela imprensa

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Por Wilson Tosta e RIO
Atualização:

Quando integrou, como subsecretário da Casa Civil do Rio, o governo Anthony Garotinho (1999-2002), o pastor da Assembleia de Deus Everaldo Dias Pereira circulou com facilidade junto ao PDT, PSB e PT. Na época, pilotava, via igrejas evangélicas, o programa Cheque Cidadão, que distribuía vales-compra a famílias pobres em uma gestão acusada de populista. Mais de uma década depois, o religioso, empresário e vice-presidente nacional do PSC mudou. Tentará a Presidência da República com as bandeiras da privatização e da defesa da família tradicional. Também ataca as propostas de legalização do aborto e das drogas. O pré-candidato pelo PSC assegura: vencerá a eleição presidencial de outubro próximo. "Defendo o Estado necessário, (quero) acabar com os cabides de emprego, ter foco em segurança pública, saúde e educação. Se isso é ser liberal, sou liberal", discursa, ao falar por telefone, de Campina Grande (PB). De lá, partiria para o Paraná, na maratona de viagens que empreende toda semana, há alguns anos. "Vamos voltar a crescer com ordem e progresso." Com 2% na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada, Dias avisa que não pretende pautar questões como homossexualidade, aborto ou drogas em sua campanha. Mostra-se, porém, realista. "Vocês, da imprensa, vão pautar, e eu vou dizer o que penso", diz. Dias ressalta que é "pela família, pelo direito à vida e contra a liberação das drogas" - mas se expressa com cuidados de candidato. "Tenho o direito de defender que casamento é como está na Constituição, entre homem e mulher. Mas todo cidadão tem o direito de sustentar o pensamento contrário", diz. O pastor defende o ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Marco Feliciano (PSC-SP), cuja gestão, centrada na defesa de valores morais conservadores, foi duramente contestada por grupos de ativistas. Dias argumenta que o parlamentar teve mais de 200 mil votos e foi escolhido pela maioria dos seus pares no colegiado. Na presidência, afirma, Feliciano passou a ouvir outros setores além do que chama de "minoria que até então só tinha os seus interesses atendidos". Por isso, declara, foi atacado. Política. Até 1998, Dias, que tem 58 anos e é filho e neto de pastores, era um desconhecido na política. Militava, porém, desde o início dos anos 1980 em apoio a Leonel Brizola (PDT). De origem modesta, nascido na favela de Acari, na zona norte do Rio, em uma família com mais cinco irmãos, participou, em 1989, do Comitê Cristão da candidatura do pedetista à Presidência. No segundo turno, a pedido de Brizola, apoiou Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Curiosamente, ele afirma não ter sido filiado ao pedetismo. Em 1992, apoiou Benedita da Silva (PT) na disputa pela prefeitura do Rio. Depois, veio o apoio a Garotinho nas corridas pelo governo fluminense e o convite para a subsecretaria da Casa Civil, após a vitória em 1998. O comando do Cheque Cidadão, que o pastor calcula ter beneficiado 50 mil famílias pobres, lhe deu notoriedade. E também críticas, já que os vales de R$ 100 eram distribuídos via instituições religiosas, quase 90% delas igrejas evangélicas. Uma década depois, o pastor avalia o programa, extinto no governo Sérgio Cabral (PMDB, 2007-2014) como "muito positivo". O Cheque Cidadão foi atacado, porém, por suposto objetivo eleitoral: reforçar a candidatura de Garotinho ao Planalto. "É um negócio interessante. Garotinho, coitado, era (chamado de) populista porque tinha o Cheque Cidadão. Hoje, tem o Bolsa Família, e não falam que é populista", ironiza. Depois da eleição de Rosinha Garotinho como governadora do Rio em 2002, o pastor ocupou, de janeiro a agosto de 2003, a presidência do Rioprevidência, fundo de aposentadoria dos servidores estaduais. Logo, porém, deixou o governo. "Tenho minha corretora de seguros, fui cuidar da minha vida." Dias é formado em Ciências Atuariais. Orgulho. Fora do governo, o pastor continuou na política. Assumiu a vice-presidência nacional do PSC em julho de 2003 e passou a participar da articulação nacional do partido. "Tínhamos feito um deputado federal em 2002, elegemos nove em 2006 e fizemos 17 e um senador em 2010". orgulha-se. E, mesmo fora do Executivo, permaneceu perto da máquina do Estado. No governo Cabral, seu filho, o deputado Felipe Pereira (PSC), foi secretário de Prevenção à Dependência Química. Pai de três filhos, ele foi pastor em Vila Kennedy e Irajá, bairros pobres do Rio. Depois, tornou-se pastor auxiliar da Assembleia de Deus em Madureira.

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