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Para Palmeiras, Felipe Melo não será punido por fala sobre Bolsonaro; STJD pede 'reflexão'

Clube avalia que declaração do atleta após jogo contra o Bahia não fere nenhum código desportivo; Procurador-geral fala em 'manifestação equivocada'

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O Palmeiras não teme qualquer punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao volante Felipe Melo por conta de sua declaração de apoio ao candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro nas eleições 2018. Na noite de domingo, após o jogo, o atleta dedicou seu gol (que deu ao clube paulista o empate na partida contra o Bahia, pelo Campeonato Brasileiro) ao presidenciável, internado no Hospital Albert Einstein desde o último dia 7, após ser atacado com uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora, interior de Minas Gerais. 

Felipe Melo celebra goldo Palmeirascontra o Bahia, pelo Brasileirão/2018, em Salvador Foto: TIAGO CALDAS/FOTOARENA

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“Esse gol vai para o nosso futuro presidente, (Jair) Bolsonaro”, afirmou Felipe Melo depois do jogo ao repórter do canal Premiere F.C. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Felipe Bevilacqua, procurador-geral do STJD, disse que a procuradoria poderia levar o caso ao Tribunal para avaliação.

No Palmeiras, o assunto não causou preocupação. Na segunda-feira, o clube soltou uma nota onde explicou que o posicionamento de Felipe Melo refletia uma manifestação particular, e não da instituição. Uma fonte do clube reafirmou ao Estado a posição em relação ao caso. “Os atletas podem ter suas convicções políticas, assim como religiosas, e têm direito a se manifestar do jeito que quiser. Não existe nenhum artigo no Código de Justiça Desportiva sobre esse assunto, consequentemente não enxergamos proibição. Se o STJ entende que pode levar o caso para um debate, tudo bem. É um direito do procurador, mas o Palmeiras não vê argumentos para isso, já que não existe uma infração prescrita”. 

O clube também entende que a declaração de Felipe Melo não fere o artigo 258 do código, que prevê punição por atitudes antidesportivas.

Tribunal propõe 'reflexão' de todo a sociedade

Em contato com a reportagem do Estado na tarde desta terça-feira, 18, Bevilacqua explicou o ponto de vista da procuradoria do STJD e propôs uma reflexão sobre o momento tenso vivido no Brasil em virtude das eleições presidenciais do próximo dia 7 de outubro. 

“Já avaliamos que esse é um caso único. Diferente do que pensa o Palmeiras, achamos que existe possibilidade de o Felipe Melo ser punido por uma conduta antiética. A procuradoria tem cautela. Temos uma grande preocupação de que manifestações como essa se tornem repetitivas, uma moda entre os atletas. Isso não quer dizer que vamos denunciar o jogador, mas sim que propomos uma reflexão de toda a sociedade sobre esse assunto”, afirmou o procurador-geral do STJD.

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Felipe Bevilacqua, procurador-geral do STJD Foto: Úrsula Nery/UFRJ

Bevilacqua avaliou consideraria injusta uma punição em partidas para o volante e o que o ideal seria que ele recebesse uma multa. “Mais ideal ainda seria se ele fosse multado pelo próprio clube, apesar de entendermos que o Palmeiras deixou claro que a manifestação foi pessoal e não um reflexo da opinião do clube”, afirmou. “Reiteramos que o que desejamos é apenas ponderar sobre um assunto delicado e deixarmos claro que, no ambiente do futebol, esse tipo de manifestação é equivocada”, finalizou.

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