
22 de outubro de 2014 | 21h19
PORTO ALEGRE - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou nesta quarta-feira, 22, suas baterias contra o Congresso eleito no última dia 5 de outubro. Em um rápido comício em Porto Alegre, Lula afirmou que a próxima legislatura será pior do que a atual em decorrência do “retrocesso” e da “negação da política”.
“Vocês achavam o Congresso ruim? O eleito agora é um pouco pior. Os ruralistas cresceram, a bancada dos empresários cresceu, e os representantes dos trabalhadores caíram à metade. Essa é a negação da política”, disse o ex-presidente a um público de aproximadamente 6 mil pessoas.
Um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e revelado pelo Estado no dia 7 de outubro mostrou que houve um aumento no número de deputados e senadores vindos dos setores militar, religioso e ligado aos ruralistas, setores mais identificados com o conservadorismo. Ao mesmo tempo, o número de deputados ligados ao sindicalismo diminuiu pela metade. Além disso, teria havido uma queda drástica, ainda não calculada, daqueles ligados a temas sociais.
Lula creditou o espaço ganho pelos conservadores à “negação da política”. “Toda vez que a elite nega a política o que vem depois é muito pior. Porque ninguém é capaz de consertar a política sem fazer política”, afirmou. A negação da política e, principalmente, dos partidos, era um dos principais motes dos movimentos que tomaram as ruas em junho de 2013 pedindo mudanças no País.
O ex-presidente associou essa “não política” a um retrocesso, “um atraso”, representado pelo voto no candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves. “É uma disputa entre duas propostas para o Estado e para o País. Se querem o Brasil de 15 anos atrás ou se querem avançar”, disse, pedindo ainda os votos da candidata derrotada Marina Silva (PSB), a quem chamou de “companheira”. Para Lula, os marinistas têm “obrigação moral” de votar em Dilma, que seria a única possibilidade de avanço.
Ajuda. Apesar das críticas, o PT começa a pensar em Lula para ajudar a manejar um Congresso com mais força oposicionista caso a presidente seja reeleita, contrabalançando uma oposição que deve vir mais forte, com a eleição dos tucanos José Serra e Antônio Anastasia para o Senado, a volta de Aécio, caso seja derrotado, e uma base que caiu de 339 para 304 deputados e com seu principal aliado, o PMDB, dividido.
Em entrevista ao Estado, o governador petista reeleito do Pará, Wellington Dias, afirma que Lula poderá ter de ajudar a consolidar a base de Dilma em um eventual segundo mandato. “Isso (retorno de Lula) permite construir politicamente uma base de apoio sólido. Acho que esse é o desafio da reforma política, de permitir a construção de uma base sólida, programática, com compromissos reais com o Brasil”, indicou. / COLABORARAM RICARDO BRITO E NIVALDO SOUZA
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