
29 de novembro de 2012 | 23h49
"O grande fato que houve recentemente no Supremo Tribunal Federal não foi botar ou deixar de botar esse ou aquele na cadeia. Foi o fato de o tribunal tratar pessoas poderosas como cidadãos. É réu, é réu. Não é outra coisa", disse Fernando Henrique.
FHC defendeu que o PSDB adote o combate à corrupção como uma de suas principais bandeiras, com o objetivo de voltar a comandar o País. O tucano criticou a ocupação de cargos públicos por petistas no governo federal.
"A confusão de interesses de famílias ou interesses pessoais com o interesse público leva à corrupção, que é o cupim da democracia. Nós temos que descupinizar o poder no Brasil", disse. "Não podemos imaginar que temos que ocupar posições no Estado para mudar a sociedade. Esse foi o erro do PT. O País já estava mudando, e eles ocuparam o Estado, o que levou à corrupção."
O ex-presidente defendeu o legado de seu governo, entre 1995 e 2002 - incluindo o processo de privatização de empresas públicas e programas sociais.
"O presidente (Luiz Inácio Lula da Silva), em vez de explicar as relações confusas que foram estabelecidas em seu governo com escândalos de corrupção, foi se dar o orgulho de dizer que tirou não sei quantos milhões da pobreza. Tirou porque nós fizemos muita coisa", afirmou.
Clareza. FHC criticou a condução do governo federal por seus dois sucessores, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. "Está faltando clareza ao governo atual com relação ao futuro. Eles não sabem o que fazer. Cabe ao PSDB abrir as portas para o Brasil próspero de verdade, e não o Brasil da esmola, não o Brasil simplesmente do consumo", declarou. Um dos principais líderes nacionais do PSDB, o ex-presidente voltou a defender a renovação do partido. Fernando Henrique disse que a visão de futuro de que o País precisa não pode ser construída "com um partido velho, mas com um partido novo". Depois do evento, FHC afirmou que enxerga um "lado positivo" na possibilidade de o senador Aécio Neves (MG) assumir a presidência nacional do PSDB no ano que vem. Para o tucano, o posto pode ampliar a exposição de Aécio, possível candidato a Presidência da República em 2014.
"Acho que tem um lado positivo, de ele realmente se expor e se comprometer com a organização do partido. Não sei se isso é favorável aos propósitos dele. O PSDB precisa de lideranças expressivas, que falem com peso pelo partido", afirmou FHC.
Dentro do PSDB, Aécio sofre resistência do grupo do ex-governador paulista José Serra, que chegou apenas ao fim do evento, quando FHC já havia partido. Mais cedo, o ex-presidente havia dito que o PSDB "calculou mal" ao aceitar o apoio do PSD do prefeito Kassab a Serra na eleição municipal. O PSD hoje se aproxima do PT em São Paulo e no governo federal. "Ele já havia apoiado o PT antes também. O PSDB calculou mal." / BRUNO BOGHOSSIAN
Encontro. José Serra voltou a aparecer após as eleições
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