Para ex-ministro de Lula, Aécio é o que tem mais compromisso com o agronegócio

Rodrigues diz que tucano foi quem mais se aproximou do setor

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Atualizada às 22h36

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Ribeirão Preto - Ministro da Agricultura entre 2003 e 2006, o coordenador do Centro de Agronegócio da FGV (GV Agro) Roberto Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira, 17, em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real Agência Estado, que Aécio Neves (PSDB) é o candidato à Presidência da República que mais representa e se identifica com o setor. E, por isso, tem seu apoio. 

“O candidato que olhou (para o agronegócio), que tem compromisso, foi o Aécio Neves, até agora”, disse Rodrigues, que declarou voto no tucano, ontem, em Ribeirão Preto, no interior.

Segundo ele, porém, também há quem apoie Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT). O segmento sucroenergético, por exemplo, está com a ex-ministra. Já os agricultores dependentes do crédito rural e de recursos do Plano Safra têm mais afinidade com a presidente.

Rodrigues criticou o fato de Marina, ao assumir a vaga de Eduardo Campos, morto em 13 de agosto, ter ressuscitado dois pontos “cinzentos” para o agronegócio: a revisão dos índices de produtividade para fins de reforma agrária e o desmatamento zero. “Marina ressuscitou o famoso índice de produtividade, que não faz mais sentido. E o desmatamento zero é um ponto muito forte. Eu combato o desmatamento ilegal, mas é perfeitamente possível abrir áreas para a produção de alimentos.”

O ex-ministro lembrou que teve divergências com Marina, quando ela era titular da pasta do Meio Ambiente, no projeto de lei que liberou o plantio de alimentos transgênicos no País. Rusgas surgiram também na aprovação do Código Florestal. “Mas Marina flexibilizou bem e não há tema que seja tabu e que seja resistível a ela. Não vejo dificuldade contentora em Marina e ela está mais flexível”, avaliou.

Camisa de força. Ao declarar voto no candidato do PSDB, Rodrigues afirmou, no entanto, que as instituições do agronegócio não devem formalizar apoios a candidatos para não criar uma “camisa de força” nas associações. “Mas o dirigente tem todo o direito de declarar voto e não vejo problema nisso”, afirmou. “Eu já declarei voto em Aécio Neves.”

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Rodrigues coordenará o 3.º Fórum Nacional do Agronegócio, sábado, em Campinas, e afirmou que o evento não pretende discutir com os representantes dos candidatos os problemas já conhecidos, mas traçar uma linha de ação para o setor a partir do começo do novo mandato. “Não adianta discutir logística e seguro rural, que são problemas conhecidos de todos e precisam de ação. O que queremos discutir são coisas práticas para o produtor rural.”

O ex-ministro considera que o aumento da oferta e dos custos de produção, com a consequente queda no preço das commodities, farão com que a safra 2015/2016 seja de margens negativas e de risco de inadimplência, o que torna necessária a adoção efetiva do seguro rural, sistema ainda incipiente no País. “A safra não será um desastre ainda porque vamos equilibrar queimando gordura das boas safras passadas, mas poderemos ter problemas em 2016”, disse.

Como presidente do conselho deliberativo da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Rodrigues avalia que a perspectiva é positiva para o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, o que melhoraria a renda do produtor e a competitividade do etanol. “Nada disso, porém, significa que os investimentos voltarão. É preciso conversar e definir uma estratégia permanente para a bioenergia brasileira.”

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