
15 de fevereiro de 2012 | 03h01
O prazo para inscrição nas prévias terminou ontem. Serra não se apresentou como pré-candidato. Diante da pressão dos tucanos, especialmente dos gestos do governador Geraldo Alckmin, líderes do PSDB avaliam que Serra, antes refratário à ideia, estaria mais aberto em relação à entrada na disputa, embora não haja nenhuma decisão.
O cenário mostra um PSDB fragmentado em função da indefinição de Serra. Três dos quatro pré-candidatos - os secretários Andrea Matarazzo (Cultura) e José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli - disseram ao Estado que continuam na disputa. O secretário Bruno Covas (Meio Ambiente) não se manifestou.
"As prévias são irreversíveis, estão aí, e sou pré-candidato. Espero ganhar. (O Serra) se inscreve e segue o procedimento", declarou Aníbal. "O procedimento decidido pelo partido para a escolha do candidato foram as prévias. Faz seis meses que nós adotamos as prévias. Os pré-candidatos se reúnem e conversam. Quem quiser ser candidato pelo PSDB tem de se inscrever e ir para as prévias", completou.
Tripoli também disse não ter recebido nenhum sinal pedindo para que recue da decisão de disputar. "Vou até o fim", afirmou.
Matarazzo declarou que continua trabalhando em favor de se disputar a eleição interna. "Quantas vezes ela (a possibilidade de Serra se candidatar) não surgiu no decorrer dos últimos seis meses? É um processo natural", disse. "Ele tem dito que não é candidato, mas as coisas não são fixas. Precisa ver o que ele decide, o que o governador decide e o que o partido decide."
Recados. Alckmin, que não conversa com Serra há pelo menos vinte dias, defende a candidatura do ex-governador e pediu a emissários que falassem com ele sobre sua possível entrada na disputa, como o Estado noticiou em 7 de fevereiro.
Ontem, o governador disse que a decisão final será de Serra, mesmo com o prazo para a inscrição nas prévias esgotado. "Se ele quiser ser candidato, é um ótimo candidato, preparado e sério", afirmou. "Esta é uma decisão pessoal do José Serra que nós devemos aguardar", completou. "Eu não tenho nenhum fato novo, nenhum fato novo", frisou.
Em janeiro, o ex-governador teria dito a aliados que não pretendia disputar este pleito e que estaria focado apenas na sucessão presidencial de 2014.
Dirigentes. Mesmo diante das pressões para que Serra se torne o candidato, o presidente estadual do PSDB, deputado Pedro Tobias, mantém o apoio às prévias e defende que o ex-governador participe da consulta interna. "Se Serra participar da prévia, tem grande chance de ganhar." Tobias acrescentou que as prévias só serão canceladas se os quatro pré-candidatos desistirem em favor de Serra. "Há dois que não abrem mão", disse, em referência a Aníbal e Tripoli.
De passagem por Brasília para tratar de um empréstimo do Banco Mundial para São Paulo, o presidente do PSDB paulistano e secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, engrossou o coro da aposta tucana na candidatura de Serra. "Há expectativa de Serra ser candidato, sim. O partido precisa muito da candidatura dele e eu acredito muito nela", afirmou. Em seguida, advertiu que as prévias do PSDB para a escolha do candidato estão se tornando inevitáveis. "Se um dos quatro pré-candidatos se mantiver na disputa, Serra terá que passar pelas prévias. Este caminho será o melhor para ele."
'Tardio'. Aliado de Serra, Kassab reiterou ontem que a união PT-PSD à Prefeitura pode produzir uma boa aliança e ressaltou que Serra não será candidato. "Acho até desrespeitoso da minha parte falar em relação a uma eventual candidatura, porque ele já me afirmou que não será candidato." O prefeito, que conversou com Serra no final de semana, voltou a dizer que "uma candidatura, quando colocada tardiamente", pode trazer desvantagens numa eleição. "Você leva uma desvantagem em relação a seus adversários. Campanha precisa de tempo." Indagado se era referência a Serra, disse: "Prefiro não me manifestar. É uma decisão que depende dele". / JULIA DUAILIBI, LUCAS DE ABREU MAIA, GUSTAVO URIBE, BRUNO RIBEIRO e CHRISTIANE SAMARCO
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