Para Aloysio Nunes, governo de Marina Silva seria 'incerteza'

Candidato a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB) diz que adversária faz uso de 'esperteza', defende Fleury e explica tuíte sobre a implantação de ciclovias na capital paulista

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau , Gustavo Zucchi e Lillian Venturini
Atualização:

Atualizada às 21h58

PUBLICIDADE

Candidato à vice Presidência na chapa de Aécio Neves (PSDB), o senador Aloysio Nunes disse nesta quarta-feira, 10, em entrevista à TV Estadão que a ex-ministra Marina Silva, candidata do PSB ao Palácio do Planalto, usa da “esperteza” ao dizer que pretende governar com quadros do PT e do PSDB. 

“Esse aceno faz parte de um perfil que ela está compondo. Marina quer dizer que está acima dos partidos. Isso não é bom-mocismo, é esperteza política. Não faz sentido.” A ex-ministra tem dito em entrevistas que poderia governar com “os melhores de cada partido” e sinalizou que chamaria para um eventual governo do PSB o senador Eduardo Suplicy (PT) e o ex-governador José Serra (PSDB), ambos candidatos ao Senado em São Paulo. Questionado sobre a possibilidade de Serra, de quem é amigo pessoal e aliado político, assumir um ministério no caso de uma vitória do PSB ou do PSDB, Aloysio ironizou. “Serra está louco para ser senador. Ele seria um senador melhor do que ministro.”

Em sintonia com a estratégia nacional do partido de tentar desconstruir o “mito” que se criou em torno de Marina Silva, Aloysio criticou o estilo e até o vocabulário da rival. “Esse tipo de ritual e de vocabulário, esse virtuosismo politicamente correto não supre a ausência de tutano”, afirmou o senador. 

Ele se recusou, porém, a comentar uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na qual afirma que gostaria de ver um governo onde Aécio e Marina estivessem juntos. “O ex-presidente pode tudo. Tem toda liberdade em fazer esse tipo de consideração. Mas eu jamais cometeria a indelicadeza de dizer isso. Não tem cabimento.” 

Voto útil. Durante a entrevista, o senador tucano avaliou a migração de eleitores do PSDB para a candidata do PSB, em um fenômeno conhecido como voto útil. “Tem gente nossa que, ao analisar o quadro e por repulsa ao governo Dilma, acha que ela (Marina) tem melhores condições de vencer.” 

Em uma tentativa de colar na sucessora de Eduardo Campos na chapa do PSB o selo de ex-petista, o candidato a vice de Aécio afirmou que Marina usa uma “tática” de campanha que consiste em “borrar’ sua história para confundir o seu perfil. 

Publicidade

Queridinho. No trecho da entrevista que abordou a economia brasileira, Aloysio disse que não “demoniza” banqueiro, mas afirmou que o PSDB “nunca foi o queridinho dos bancos”. “O PT era o queridinho do capital financeiro durante o governo Lula. Foi no governo de um ex-operário que começou um processo acelerado de desindustrialização.” 

O senador do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira Foto: Monica Zarattini/Estadão

Fleury. Aloysio também criticou a estratégia do PSDB paulista de atacar na campanha a gestão de Luis Antônio Fleury no governo paulista. 

Aliado de Paulo Skaf, candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, Fleury governou o Estado entre 1991 e 1994 e Nunes foi seu vice, além secretário. “Não faz sentido ficar polemizando com o Fleury. Ele foi um bom deputado. Muito atuante”. Para o senador, Alckmin “está com o burro na sombra” e não precisa ficar polemizando com os rivais. 

PUBLICIDADE

Ciclovias. No final da entrevista, o senador explicou sua intervenção no debate sobre a instalação de ciclofaixas na capital paulista. Anteontem, ele publicou um tuíte sobre a revolta dos moradores de Higienópolis, bairro valorizado da capital. “Fui comprar pão em uma padaria na Praça Vilaboim (em Higienópolis) e muitas pessoas me procuraram. Todo mundo muito bravo. É um contrassenso fazer ciclofaixa na (rua) Albuquerque Lins. (Haddad) tem uma meta e sai pintando de vermelho tudo que vê pela frente.” 

Ainda, segundo Aloysio, o projeto das ciclofaixas implantado por Haddad usa um “método autoritário”. “Bicicleta é um meio de transporte útil, mas não é absoluto”, defendeu. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.