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Pagot diz que Demóstenes fez lobby em favor da Delta

Na CPI do Cachoeira, ex-diretor do Dnit afirma que Fernando Cavendish participou de jantar na casa do ex-senador

Por BRASÍLIA
Atualização:

No depoimento à CPI do Cachoeira, o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot disse que Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) fez lobby em favor da Delta durante um jantar na casa do ex-senador, do qual participou o dono da empreiteira, Fernando Cavendish. Pela primeira vez o dono da Delta foi envolvido diretamente com Demóstenes em negócios da empreiteira com o Dnit. O depoimento de Cavendish à CPI está marcado para hoje, mas ele deverá ficar calado.Depois de garantir não conhecer o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Pagot contou aos parlamentares da CPI que participou de dois jantares na casa do senador cassado. O primeiro, segundo ele, ocorreu no fim de 2010, entre novembro e dezembro. No segundo jantar, contou Pagot, em fevereiro de 2011, além de Cavendish, estavam presentes outros dirigentes da Delta, como Cláudio Abreu, então diretor para a Região Centro Oeste.'Dívidas'. Segundo ele, durante o encontro, Demóstenes quis saber se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), nas etapas 1 e 2, iria ter recursos suficientes para tocar as obras. Pagot disse que logo depois o ex-senador o levou para uma sala reservada, longe de Cavendish, para pedir ajuda para a Delta. "Demóstenes me convidou para uma sala reservada e disse: tenho dívidas com a Delta, que apoiou a minha campanha, e preciso de alguma obra com o meu carimbo", relatou Pagot. "Respondi que não podia atendê-lo, que não poderia ir ao mercado e dizer: Reserve uma obra para a Delta", afirmou o ex-diretor do Dnit. Segundo ele, Demóstenes teria mostrado interesse em dois empreendimentos em Mato Grosso, nas BR 242 e BR 080. Durante o depoimento de cerca de oito horas, Pagot afirmou que desconhecia as relações da empresa Delta com o esquema do contraventor. Ele disse que não tinha conhecimento do envolvimento de Demóstenes com Cachoeira. Pagot também revelou que costumava ser procurado no Dnit por parlamentares com interesse em obras.'Morto-vivo'. Demonstrando nervosismo no início do depoimento à CPI, Pagot afirmou sentir-se 'isolado, abandonado e um morto-vivo' depois que foi afastado do Dnit, em julho de 2011. Fez questão de dizer logo no início que foi para o governo em 2007 a convite do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva."Não veio ninguém do PT e nem do governo porque já sabiam que não iria acontecer nada", ironizou o senador Pedro Simon (PMDB-RS). "Ninguém bate em cachorro morto", Depoimentos. Dono de empresas abastecidas com recursos da Delta sob suspeita de serem fantasmas, o empresário Adir Assad compareceu à CPI munido de um habeas corpus para permanecer calado. Hoje, a CPI irá ouvir também o depoimento de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa. / E. L.

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