Os Pizzolatos e o fugitivo do Sul

Homônimos de condenado pouco sabem do caso

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Por JAMIL CHADE e ROMA
Atualização:

Patrizia, Fabrizio, Marinella, Giovanni e pelo menos outras duas mil pessoas na Itália têm algo em comum: o Pizzolato como sobrenome. Mas essa não é a única coisa que compartilham. Muitos deles não tinham a mais remota ideia de que um parente distante no Brasil havia sido condenado e estava em fuga.

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Enquanto no Brasil o escândalo da fuga do ex-diretor do Banco do Brasil é destaque, na Itália o caso passou sem qualquer alarde durante a semana - mesmo quando o governo resolveu fazer declarações a respeito.

A família Pizzolato vem da região do Vêneto, de onde os primeiros registros de nobres do século 14 se espalharam pela Itália. Nos anos 80, outro Pizzolato - Orlando - virou ídolo nacional ao vencer duas maratonas seguidas em Nova York.

Hoje, na lista telefônica nacional, há 727 famílias com esse sobrenome - mais de 30 em Roma. Na busca por Pizzolato - o Henrique - o

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contactou mais de 40 famílias durante a semana. Nenhuma delas tinha qualquer relação com o brasileiro. "Não tenho parentes no Brasil. O senhor ligou para o número errado", respondeu Aldo Pizzolato, na região de Treviso. "Henrique? Não conheço nenhum Henrique", informou Cesare Pizzolato, também de Treviso. "Se ele está foragido, não ficaria na minha casa."

A polícia confirmou ao

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ter feito um pente-fino em todos os contratos de aluguel e compras de imóveis do país e em nenhum identificou o nome do brasileiro. Questionados se achavam ruim ver o nome da família envolvido em um escândalo de corrupção no Brasil, nenhum dos Pizzolatos pareceu preocupado. "Deve ser outro Pizzolato, não o meu", ironizava Marina Pizzolato, uma senhora que há mais de 40 anos vive em Roma.

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