Como o sr. vê o fato de os índios não conseguirem tomar posse da terra destinada a eles?
Há casos paradigmáticos, como o da terra Maraiuatsede, em Mato Grosso, onde os índios ocuparam a terra e depois foram expulsos. Agora é a fase de retirada dos fazendeiros. Foi o que fizemos na Raposa Serra do Sol. Outro exemplo positivo é o da terra Apitereua, no Pará, onde posseiros, madeireiros e fazendeiros estão sendo retirados. Os índios têm plena posse da maioria das terras homologadas, com políticas públicas de proteção.
No Maranhão, segundo as ONGs, a situação é preocupante.
Aquela é a situação mais grave. O que resta das florestas no Estado encontra-se nas terras indígenas, que estão sendo invadidas por madeireiros e fazendeiros. Em oito anos, foram feitas três operações da PF para retirar invasores. Mas eles voltam. A luta é difícil, porque são áreas extensas e de difícil acesso.
E a invasão de áreas por garimpeiros, em terras ianomâmis?
Implantamos no início deste ano uma frente de proteção etnoambiental para o território ianomâmi, com um quadro de funcionários específicos.
Os projetos de hidrelétricas podem agravar os conflitos?
A expansão econômica do País exige mais energia e a grande fonte é a Amazônia, onde está a maioria das terras indígenas. Tudo deve ser feito com o máximo de diálogo. E é aí que entra a consulta prévia aos povos indígenas, que, embora prevista na Constituição, não foi regulamentada. / R.A.