NãoAcredito que haverá um impacto imediato e provavelmente as pesquisas voltarão ao status de junho - pois as que vieram depois mostravam Dilma Rousseff melhor. Como a população está hoje mais pessimista, negativista, talvez o mau resultado da terça-feira aponte uma piora agora. Mas a médio prazo, e às vésperas da eleição, isso estará totalmente superado. Já faz alguns meses que a perspectiva dos brasileiros anda muito negativa - só que ela não se construiu agora, em decorrência dos dramas do futebol. Percebe-se, desde o ano passado, um desgaste muito grande porque o eleitor mudou. Está mais exigente, não é mais o cidadão despido de uma avaliação, seja de consumidor ou de contribuinte. Ele quer fazer valer a ideia de que paga impostos e que pode cobrar por isso. Esse fenômeno não tem relação específica com resultados de futebol, vem de mais longe e quando o eleitor usa uma metáfora futebolística, o "Padrão Fifa", ele se refere a hospitais que funcionem, a serviços de qualidade. Esse mal-estar pode ter qualquer metáfora, mas tem a ver com prestação de serviço. O patamar de demanda de mudanças na sociedade já está dado. E mesmo que a seleção estivesse bem, e ganhasse a Copa, isso não muda o fato de que a campanha eleitoral será complicada - mas, por razões de outra ordem. Nada a ver com anti-Dilma ou anti-Aécio, mas com a realidade que o brasileiro está vendo, e que mostra tendência a piorar. No curto prazo, partidos de oposição vão, sim, tirar algumas casquinhas. Mas isso não é estratégico, é tático. Estratégias para valer terão de ser mais profundas. E o esforço que a oposição terá de fazer para articular o desejo de mudança é o mesmo que a situação terá de fazer para justificar a continuidade.FÁTIMA PACHECO JORDÃO É SOCIÓLOGA, ESPECIALISTA EM OPINIÃO PÚBLICA E DIRETORA DA FATO, PESQUISA E JORNALISMO