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'O Maluf gosta das coisas de um jeito; eu gosto das coisas certinhas'

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Por Lucas de Abreu Maia
Atualização:

Brigado com seu ex-mentor político - que vetou sua candidatura à Prefeitura de São Paulo -, Celso Russomanno (PRB) não hesita em atacar Paulo Maluf (PP): "Nós nunca tivemos uma relação muito cordial, porque ele gosta das coisas de um jeito e eu gosto das coisas certinhas". Em 2010, depois de terminar em terceiro lugar no pleito para governador, ele trocou o PP pelo PRB da Igreja Universal. Hoje, o ex-deputado federal aparece em primeiro lugar na maioria dos cenários apresentados nas pesquisas de intenção de voto. Em entrevista ao Estado, Russomanno afirma ainda que os candidatos à Prefeitura tradicionalmente recebem doações ilegais de empresas de ônibus, mas não aponta nomes.

O PRB vai resistir a um pedido do PT para que abra mão da candidatura própria?

O PRB não tem ministério. Não está amarrado. Digamos que isso (a conversa com o PT) já possa ter acontecido e não resultou em nada. Minha candidatura é certa. Certíssima, não tenho dúvida disso. O próprio PRB já lançou minha candidatura. Você não pode jogar fora todo esse potencial político que está aparecendo nas pesquisas.

Mas por que então o seu desempenho nas eleições para governador ficou aquém do esperado?

Em primeiro lugar, a campanha polarizou (entre PT e PSDB). Em segundo, eu tinha um ônus muito pesado nas minhas costas.

O sr. se refere ao Maluf?

Pois é. Eu senti, na campanha (ao governo), muita dificuldade com isso, uma rejeição absurdamente grande.

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O sr. tem algum ressentimento do Maluf por ele ter minado a sua candidatura à Prefeitura?

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A minha candidatura não vem de agora. Era para eu ter sido candidato nas duas eleições anteriores, e ele articulou contrariamente. Se eu tivesse padrinho político, eu precisava que alguém me carregasse, e não é o caso. Durante toda a minha vida no PP, sempre briguei com o Paulo. Nós nunca tivemos uma relação muito cordial, porque ele gosta das coisas de um jeito e eu gosto das coisas certinhas. Não vou nem entrar no mérito de como ele faz. Eu gosto das coisas da maneira certa, então a gente sempre teve problemas; brigas judiciais, inclusive.

O sr. acredita que haverá polarização nas eleições?

Acho que não, até porque o quadro ainda não está muito claro. As pesquisas mostram que o povo quer mudar. Tivemos as administrações seguidas de ambos os lados (PT e PSDB), considerando que a gestão Kassab é uma continuação da administração do PSDB. Então, se as pesquisas confirmam que as pessoas querem mudar, nós não teremos polarização.

Quais serão os principais temas da eleição do ano que vem?

Qualidade dos serviços públicos. Primeiro: transporte. Você pode publicar o que eu estou te falando: as empresas de ônibus bancam as campanhas dos prefeitos, apesar de não poderem. A minha, não, senhor! A máfia que está por trás disso é um absurdo. E não é só máfia de linhas. Eles influenciam nos roteiros e na quantidade de carros. As licitações são feitas com uma determinada quantidade de veículos, e depois que ganham a licitação, eles diminuem a quantidade de carros para que os ônibus fiquem lotados e os empresários estejam ganhando bem.

O sr. pode citar algum nome?

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Eles financiam sempre os três primeiros candidatos. Sempre foi assim. Não podem, só que fazem por baixo do pano.

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