
10 de fevereiro de 2012 | 03h03
A velha demagogia simplista que atribui à pobreza e à desigualdade a origem da criminalidade e da violência, ofendendo a maioria absoluta de pobres honestos e pacíficos, sucumbe aos números e aos fatos. Como o Nordeste foi a região do Brasil que teve maior crescimento econômico nos últimos anos, melhorando muito as condições da população, então o crime deveria ter diminuído. Mas dobrou.
Como explicar o aumento da criminalidade paralelo ao crescimento econômico e à ampliação das políticas sociais? Ou é a prosperidade que atrai mais crime e violência? Pode até ser, mas São Paulo, a maior e a mais rica, foi a que mais reduziu o crime nos últimos anos. Porque sua polícia começou a ser saneada, foi mais bem equipada e melhor paga, e fez o que tinha que ser feito: prendeu mais bandidos do que nunca, e a Justiça os manteve presos. Resultado óbvio: a criminalidade caiu mais de 70% nas ruas.
No Rio de Janeiro, com a Secretaria de Segurança do coronel José Mariano Beltrame positiva e operante, o Estado retomou territórios dominados pelo tráfico, começou a resgatar a credibilidade da polícia, prendeu inúmeros bandidos - e alguns policiais corruptos. O efeito foi a queda dramática da violência na cidade, hoje muito mais segura do que qualquer capital do Nordeste.
Seria incompetência, corrupção ou falta de dinheiro? Ou tudo junto? Mas é suprapartidário: nas capitais campeãs da violência, os governos estaduais são do PSDB, do PSB, do PT, do PMDB e do PDT, quase todos aliados do governo federal e de suas verbas. E se alguém disser que no Nordeste sobrevive uma velha cultura da violência, do machismo, do patrimonialismo e da impunidade, como em quase todo o Brasil, vai ser acusado de preconceito e racismo - pelos políticos nordestinos.
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