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No Rio, Haddad classifica de 'anarquia jurídica' decisões sobre entrevista de Lula

Presidenciável petista critica decisão de proibir que ex-presidente dê entrevistas à impresa

Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - Em ato durante o qual recebeu o apoio de artistas, na Cinelândia (centro do Rio), na noite desta segunda-feira, 1º, o candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, criticou o adversário Jair Bolsonaro (PSL) e classificou como “anarquia jurídica” a sequência de ordens judiciais autorizando e proibindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conceda entrevista à imprensa. 

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, participa de ato com artistas no Rio Foto: Wilton Junior/Estadão

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No discurso aos eleitores, o petista alertou para o que chamou de “riscos para a democracia”: “Existe um despertar deste País para os riscos que a nossa democracia está correndo. Os direitos sociais, trabalhistas, políticos, civis, todos eles estão em risco. Nem liberdade de imprensa eles respeitam mais, porque impedem os veículos de comunicação de fazer uma mera entrevista com Lula, como aconteceu agora, um bate-cabeça no Supremo Tribunal Federal, que a gente nem sabe mais o que é direito, o que é certo neste país. Não tem mais parâmetros, estamos numa anarquia jurídica. Isso traz insegurança para todo mundo”, afirmou, referindo-se a uma sequência de decisões judiciais que autorizou e desautorizou entrevista com Lula.

Haddad mencionou uma fala do candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, de que família onde não há “pai ou avô”, mas só “mãe e avó” é “fábrica de desajustados que tendem a ingressar em narco-quadrilhas” e outra afirmação feita por um dos filhos de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

“Ontem ou anteontem, o filho do (Eduardo) Bolsonaro disse que as mulheres progressistas são mais feias e menos higiênicas do que as mulheres de direita. Fico pensando o que passa na cabeça dessas pessoas pra fazer política ofendendo as mulheres do Brasil, que carregam esse País nas costas, com quatro jornadas de trabalho por dia”, afirmou. “Essa conduta reiterada da turma do Bolsonaro de ofender as mulheres explica muito das manifestações do último sábado”, completou o petista.

Haddad fez outra crítica a Bolsonaro, esta indireta, ao dizer que não quer “mãos armadas”, mas “um carteira de trabalho numa mão e um diploma na outra”. O candidato do PSL defende maior liberdade para a compra e o porte de armas no Brasil.

Em outro trecho do discurso, Haddad afirmou que quando tornou mais fácil o acesso às universidades, enquanto ministro da Educação, ofendeu um grupo social mais rico, que não queria dividir os bancos escolares com a camada mais pobre da população. “Eles se incomodavam com a presença do povo na universidade, nos aeroportos, no restaurante”, afirmou.

Participaram do ato artistas como a escritora Conceição Evaristo, os atores Sérgio Mamberti e Bete Mendes e o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa. Este entoou a música “Tristeza”, lançada em 1963 por Niltinho Tristeza e Haroldo Lobo, que diz “tristeza, por favor vá embora”, embalando a multidão que compareceu à Cinelândia.

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Haddad chegou ao Rio na tarde desta segunda-feira e seguiu para as imediações da igreja da Candelária,no centro, onde foi recebido por militantes. Dali percorreu a avenida Rio Branco sobre uma caminhonete, acompanhado por outros políticos, até chegar à Cinelândia, onde ocorreu o comício. Ele havia agendado uma entrevista coletiva antes do ato, ao lado do palanque, mas minutos antes decidiu cancelar – segundo sua assessoria, para respeitar uma recomendação da equipe responsável por sua segurança, devido à multidão que estava na Cinelândia. Nesta terça-feira, 2, ele cumprirá outros compromissos no Rio e na Baixada Fluminense.

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