02 de outubro de 2016 | 14h03
SÃO PAULO - Na região da Vila Mariana, onde o PSDB concentrou cerca de 80% dos votos em 2014, o discurso de gestão “à moda da iniciativa privada” do candidato tucano, João Doria, soou como música aos ouvidos dos moradores. O Estado conversou com eleitores na manhã deste domingo e percebeu que o discurso de administração consciente dos recursos públicos foi o fiel da balança na decisão do voto.
“A gente que trabalha no setor privado se identifica com essa visão de uma administração real da cidade, por um empresário”, disse o engenheiro John Christian Paclibar Alba, 35 anos. Ele e a mulher, Raquel, 39 anos, votaram em Doria. “Não foi uma decisão relacionada a partido, foi mais por causa do candidato mesmo.”
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Auditor fiscal da prefeitura, Omar Afonso Sanini, de 55 anos, disse que a cidade de São Paulo tem recursos suficientes para uma boa prestação de serviços públicos – o que falta é a gestão correta do dinheiro. Por isso, também optou pelo candidato tucano. “Falta uma visão de gestão para uma cidade grande como São Paulo. Se é possível fazer em Londres e Nova York, dá para fazer aqui também.”
Sanini ponderou, no entanto, que o candidato tucano precisa mostrar serviço e provar rapidamente que o discurso não é apenas retórica de campanha. “Não adianta ficar no plano, tem de executar. Estou votando no candidato, e não no partido. Já que votei no PMDB e no PT no passado. Estou pensando no aspecto gerencial.”
Para a aposentada Ivone Ravagnani Napimoga, de 69 anos, o fato de Doria não ter tradição na política foi um ponto a favor do candidato. “Precisamos renovar, sair da mesmice. Temos de dar oportunidades para novas pessoas. E acho que as propostas do Doria para a cidade são boas.”
Anti-PT. A advogada Maria Carolina Ribas Buriham, 38 anos, diz que seu voto não foi a favor do PSDB, mas contra o PT. “Estou muito triste com o que o PT fez com o País, então isso influenciou muito na minha decisão”, disse. Mas ponderou que está votando “na pessoa do João Doria”, e não no PSDB. “Temos de tirar o PT da prefeitura.”
Também aposentados, Jaques e Sebastiana Dias, ambos com 73 anos, também votaram no candidato que lidera as pesquisas de opinião. No entanto, Jaques afirmou que o ponto primordial da decisão foi o fato de Doria ser do PSDB. “Fiz essa opção porque estamos num momento ruim da administração pública.”
Vozes dissonantes. No reduto de Doria, no entanto, o Estado encontrou alguns eleitores do petista Fernando Haddad. “Sempre votei no PSDB, mas dessa vez optei pelo Haddad, e não pelo Doria, que para mim não representa o novo, muito pelo contrário”, disse o analista de marketing Wagner Teves Uchida, 35 anos.
Para ele, dois pontos da gestão Haddad pesaram especialmente em sua decisão de voto – o urbanismo, com a abertura de espaços públicos para pedestres, e o transporte, com a liberação do Uber na capital paulista.
A auxiliar administrativo Janaína Santos, de 43 anos, também não é eleitora tradicional do PT, mas avalia a gestão Haddad positivamente, e acabou optando pelo candidato petista. “Gosto da política dele para bicicletas, iluminação e também dos corredores de ônibus”, explicou. “Enquanto não aparecer um escândalo de corrupção contra ele, Haddad pode contar com o meu voto.”
Já o aposentado Gilberto Barbosa Franco, de 62 anos, está no grupo dos desiludidos com a política no País. Entre as opções disponíveis para a prefeitura de São Paulo, ele preferiu não optar por nenhuma. “Votei em branco. Não vejo nenhum dos candidatos com capacidade de administrar São Paulo”, disse. “É tudo o mesmo feijão com arroz.”
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