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No berço de Fernando Haddad, petismo é a exceção

Moradores do Planalto Paulista, na zona sul da capital, rejeitam partido e reclamam da segurança

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Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz e Carla Bridi
Atualização:

Localizado na zona sul de São Paulo, o bairro do Planalto Paulista, onde o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, cresceu e atualmente reside, permanece com a característica de reduto antipetista. Se, em anos anteriores, isso significou eleger alguém do PSDBAécio Neves recebeu 87% dos votos da região em 2014, enquanto José Serra garantiu 77% dos votos em 2010, ambos contra Dilma Rousseff no segundo turno –, atualmente quem sai ganhando é Jair Bolsonaro, do PSL.

A rejeição pelo PT se alia com a ausência de segurança que os moradores do Planalto Paulista relatam. O bairro é marcado pela prostituição, que se instalou nas esquinas da Avenida Indianópolis e na frente das residências, decorrente da falta de movimento na região. Faixas penduradas em algumas ruas alertam para as câmeras instaladas pelos moradores, 60 no total.

Eleitores votam no Colegio Claritas, próximo a casa do presidenciável do PT,Fernando Haddad. Na foto,o petista Pedro AchéNolla. Foto: Leo Martins/Estadão

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Quando prefeito, Haddad autorizou a nova Lei de Zoneamento na região, mudando para Zona Corredor 1 a Avenida Ceci e a Avenida Afonso Mariano Fagundes – esta última endereço do ex-prefeito. “A gente precisa de alguém para ordenar as coisas. Não se segue mais as regras, bandidos podem fazer o que quiserem”, afirma o morador, e chaveiro do bairro há 30 anos, Francesco Bruno.

Apesar de não votar em Haddad, o chaveiro não desgosta do candidato. “Para mim, ele é o candidato certo no partido errado. Passou na minha loja, ficou conversando com a gente. Ele é muito humilde”, afirma.

Na periferia. Há dois anos, quando tentou a reeleição na Prefeitura de São Paulo e perdeu, Haddad foi derrotado em toda a cidade – João Doria (PSDB) venceu em 56 zonas e Marta Suplicy (MDB), nas duas restantes. Neste ano, Haddad tentou recuperar o “chamado cinturão vermelho”, mas enfrentou, desta vez, não a força de um tucano, mas de Jair Bolsonaro (PSL), que recebeu apoio em quase toda a cidade com o discurso da segurança pública.

Em Parelheiros, distrito do extremo sul que tem o segundo IDH mais baixo da cidade, a população dividiu seus votos no PT desta vez com Bolsonaro, apesar de o petista ter registrado vantagem ali sobre o candidato do PSL. “Aqui, boa parte do pessoal fechou com Bolsonaro. Ele não entregou o hospital que prometeu e a segurança aqui está muito complicada. Sei que Bolsonaro nunca deve ter vindo aqui em Parelheiros, mas ele pelo menos vai combater a corrupção”, disse Danilo Pereira, de 27 anos.

Mesmo superando Haddad no bairro, o petista não conseguiu recuperar todo o prestígio que alcançou com a população local em 2012, quando marcou 47% dos votos válidos. A demora na entrega dos dois equipamentos de saúde prometidos para a região – além do hospital, a UPA também não foi finalizada –, e a crescente sensação de insegurança fizeram ao menos parte da população descartar o PT.

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Fiel a Haddad, a professora aposentada Léia Costa, de 64 anos, discorda. “Falam muito que o hospital não foi entregue, mas foi Haddad quem começou.”

“Não votaria em um indicado qualquer do PT, e fiquei muito feliz que o escolhido foi o Haddad. Tudo o que ele fez na educação me dá motivos para votar nele, porque voto também nos que mais precisam”, diz o estudante. Pedro Aché Nolla.

Na zona oeste. Também em 2016, o bairro de Pinheiros, considerado de classe média-alta na zona oeste, foi a região onde o ex-prefeito obteve o melhor desempenho porcentual, somando 24,5%. Morando em Pinheiros desde 2017, a advogada pernambucana Fernanda Siqueira de Miranda, de 29 anos, faz parte da estatística. “O Haddad tem um histórico interessante como político.”

Na capital paulista, a vitória também foi do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, em 54 dos 58 distritos. Ele teve 44,58% dos votos, média inferior à registrada no País. Apesar da derrota, Haddad teve um desempenho melhor na capital do que a média nacional, chegando a 28,69%, considerando os votos apurados até 21h30. Considerando os distritos, Haddad recuperou em parte a hegemonia na periferia, o chamado cinturão vermelho, ganhando nos distritos de Parelheiros, do Grajaú e da Piraporinha, no extremo sul – ganhou ainda na Cidade Tiradentes, no extremo leste./ COLABORARAM ANA BEATRIZ ASSAM e ANA NEIRA

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