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'New York Times' classifica Bolsonaro na Presidência como um 'prognóstico assustador'

Na página de opinião, jornal americano compara capitão reformado a Donald Trump, afirmando que candidato brasileiro tem 'pontos de vista repulsivos'

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Por Redação
Atualização:

Em um editorial intitulado "A Triste Escolha do Brasil", o jornal americano The New York Times classificou a possível eleição do candidato do PSL à Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, como um "prognóstico assustador", "uma história que está se tornando comum de uma maneira alarmante entre as democracias do mundo". No texto, publicado na edição do domingo, 21, o capitão reformado é comparado ao presidente dos EUA, Donald Trump.

O NYT apresenta Bolsonaro como "um brasileiro de direita que sustenta pontos de vista repulsivos". "Ele afirmou que se tivesse um filho homossexual preferiria que ele estivesse morto; que uma colega sua no Parlamento (a deputada Maria do Rosário, do PT-RS, reeleita em 7 de outubro) era feia demais para ser estuprada; que afro-brasileiros são preguiçosos e gordos; que o aquecimento global não passa de 'fábulas de efeito estufa'", informa o jornal americano. "Ele é nostálgico em relação aos generais e torturadores que comandaram o Brasil por 20 anos", diz o texto, em seguida informando que ele será "muito provavelmente eleito presidente do Brasil".

Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência Foto: Wilton Junior/Estadão

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Ao estabelecer a comparação com Trump, o NYT cita como contexto a recessão da economia brasileira, a Operação Lava Jato, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e impedimento da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), lembrando que o presidente Michel Temer (PMDB) está sob investigação e os altos índices de violência no País. "Os brasileiros estão desesperados por mudança", constata o jornal americano.

O NYT ressalta que "os pontos de vista grosseiros" de Bolsonaro são construídos para soar como "sinceridade". A publicação qualifica a carreira do congressista como "obscura" e diz que ele promete reduzir a taxa-recorde de 175 homicídios por dia registrada ano passado com mão de ferro. "Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social com liberalismo econômico, apesar de confessar ter um entendimento somente superficial de economia", afirma o texto.

"Soa familiar? Ele é o mais recente integrante da longa fila de populistas que surfaram a onda de descontentamento, frustração e desespero dos mais altos gabinetes de cada um de seus países. Não causa surpresa ele ser descrito frequentemente como o Donald Trump brasileiro."

O NYT afirma que o meio ambiente sairá perdendo no governo de Bolsonaro, lembrando que o capitão reformado "prometeu desfazer muitas das proteções às florestas tropicais para abrir mais terras ao poderoso agronegócio do Brasil". O jornal americano cita ainda a popularidade de Lula, a opção do PT em lançar Fernando Haddad para substituir o petista preso na disputa pela Presidência e o "espírito" anti-PT, informando que o ex-prefeito de São Paulo está "muito atrás" nas pesquisas para o segundo turno das eleições 2018.

"A escolha é dos brasileiros. Mas é um dia triste para a democracia quando a desordem e o desilusão conduz os eleitores à distração e abra caminho a populistas agressivos, ofensivos e brutos", conclui o NYT.  

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