Nas ruas e na TV presidenciáveis rejeitam violência

Candidatos seguem script de condenar atentado contra Bolsonaro e propor união; Ciro critica agressão, mas diz que não muda campanha

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Foto do author Adriana Ferraz
Foto do author Pedro  Venceslau
Por Adriana Ferraz , Pedro Venceslau , Magson Vagner e Amanda Ludwig
Atualização:

A retomada das agendas de rua neste sábado, 8, pelos principais candidatos à Presidência da República nas eleições 2018 seguiu o script desenhado pelas campanhas após o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL): em vez de ataques, propostas para o País e apelos por um esforço conciliatório. Na TV, só Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos) citaram o atentado, além do próprio deputado, que, nos seus oito minutos, veiculou uma mensagem de um apoiador afirmando que o “povo brasileiro caminha unido e em oração por sua vida."

Geraldo Alckmin (PSDB) Alckmin também ressaltou a necessidade de pacificação e esforço conciliatório por parte de seus concorrentes. Foto: CIETE SILVERIO

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O presidenciável tucano Geraldo Alckmin também usou seu programa na TV para abordar o ataque contra o parlamentar. Ele abriu seu programa para afirmar que “nada justifica a violência” e que o debate das ideias, por mais divergente que elas sejam, é uma exigência da democracia. “Para resolver divergências partidárias existe a política, que é a única arma aceitável para uma disputa eleitoral”, disse.

Durante compromisso oficial em Santa Catarina, pela manhã, o tucano ainda afirmou que o Brasil sempre “avança” quando existe um esforço conciliatório. “Foi assim na redemocratização, na Constituinte e no Plano Real”, disse. Alckmin, no entanto, priorizou o discurso propositivo e disse que o foco de sua campanha passa a ser a retomada da economia e a geração de empregos e renda.

Alvaro Dias (Podemos) teve a mesma iniciativa. Usou seu programa eleitoral para fazer um apelo contra a violência na política afirmado que “não é com ódio ninguém constrói nada”.

Em São Paulo, a ex-ministra Marina Silva, presidenciável da Rede, chegou à Rua 25 de Março, no centro da cidade, para fazer uma “caminhada pela paz”. O ato reuniu cerca de 30 militantes do partido, que se misturaram a eleitores que faziam compras na rua mais popular da capital bem na hora do almoço.

Durante a caminhada, Marina esteve cercada por quatro seguranças, que chegaram a formar um cordão isolamento, mas sem impedir qualquer contato com as pessoas que a acompanhavam. “Essas eleições nos dão a possibilidade de pôr um ponto final na polarização, no ódio e na violência”, afirmou. E ressaltou sua posição, ao dizer que a violência não pode ser combatida com uma arma na mão. “É o amor e o respeito uns pelos outros dentro do coração, independente de cor, raça e ideologia.”

Nos programas eleitorais, no entanto, a estratégia da Rede foi outra. Em vez de comentar o ocorrido em Juiz de Fora, a candidata priorizou ideias e promessas para melhorar a educação.

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Em campanha no Ceará, Ciro Gomes (PDT) afirmou que não pretende mudar qualquer estratégia de sua campanha em função do ataque a Bolsonaro. Durante agenda em Juazeiro do Norte, classificou o fato como “deplorável e repudiável” e garantiu não estar com medo de ir às ruas.

“Nós precisamos ir para a rua, abraçar o povo e fazer força para que a disputa política seja uma disputa de ideias e nunca de violência e de prepotência. Cada um de nós tem que dar exemplo disso,” afirmou. Em seguida, disse que entre ele e Bolsonaro há “diferenças intransponíveis”, mas que não acredita na violência, na arma e na cultura de ódio.

Ainda sobre Bolsonaro, Ciro disse que o ocorrido não pode parar o Brasil. “Agora nós estamos de volta à luta, porque o Brasil não pode parar. Eu tenho falado muito pesadamente contra essa radicalização que divide a família brasileira e nós não podemos deixar que isso se transforme em violência.”

Candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato, Fernando Haddad seguiu a mesma linha da adotada por Ciro. Afirmou que “não vai mudar seu discurso por uma circunstância” e que a estratégia do PT, até aqui, não foi a de fazer críticas ao adversário.