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'Não tem o que fazer, é enfrentar. E não fugir'

Petista diz que mídia quer condenação, mas acredita em julgamento 'técnico' e que, se eleito, não vai poder errar no governo

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Por Redação
Atualização:

Para o deputado João Paulo Cunha (PT), o julgamento do mensalão é uma "disputa política" contra o PT e os governos Lula e Dilma. O parlamentar vê a eleição em Osasco como uma chance de redenção: "Não posso errar", disse ao Estado.O sr. foi eleito deputado duas vezes após o mensalão. O sr. acha que, agora, a sociedade e a oposição serão mais críticas, por causa do julgamento e por se tratar de um cargo executivo?Durante a campanha, a oposição não vai precisar falar do mensalão, porque eu vou falar. Eu vou falar para a população o que foi o processo do mensalão. A própria população vai cobrar durante e após a campanha. Prefiro sempre o grito da sociedade organizada do que o silêncio dos desorganizados. Como vai abordar o assunto? Vou falar o que aconteceu em 2002, 2003, 2004 e 2005. Vou falar exatamente a verdade.Isso já tem acontecido ou não?Eu já falo muito. Em 2006, eu convidava a população para vim discutir o mensalão. Montava barraca nas ruas da cidade, com um programa chamado diálogo cidadão, e chamava as pessoas para dialogar e escutar o que havia acontecido. Não tenho receio de falar sobre esse assunto. E da forma que ele aparecer eu vou enfrentar o debate. Evidente que já estou começando a falar com o PT e com os partidos aliados, dando a minha visão da forma que a gente tem que fazer a campanha, falar da cidade e falar do processo. Não podemos esconder.Qual é a sua versão do caso?Eu já falei muito. E o próprio Estadão já falou muito também. A nossa opinião, a do PT, está dita em vários cantos. Nesse momento não é o caso de a gente falar. Só informar que acho o assunto importante e não esconderei durante a campanha.Há alguma preocupação com o julgamento em si?Claro, dos 38 réus o único candidato sou eu. Não posso acreditar que a marcação do julgamento na véspera da eleição é para atingir minha candidatura. No fundo, é uma disputa política com o PT, com o presidente Lula e com a presidenta Dilma. É um tema que vai estar na eleição. Mas como não tem o que fazer, é enfrentar e fazer o debate. Não tem que fugir. Se o Supremo está lá para fazer o julgamento, nós estamos aqui para apresentar nossa posiçãoSua candidatura corre risco?Não acredito. Sou otimista, o STF não vai se deixar levar por pressão, por faca no pescoço, por causa da mídia. A mídia quer que o STF condene. Tenho a impressão que o STF não quer condenar. Quer julgar. Vai ser um julgamento justo, correto, técnico. Se for assim, tenho certeza que vou ser absolvido.O que o sr. sente da militância do PT aqui em Osasco?Eu sinto solidariedade absoluta da militância do PT e agora dos aliados. As pessoas me conhecem, sabem onde moro, no mesmo lugar, com o mesmo padrão de vida. Isso dá segurança para me defenderem.O sr. chegou a exercer interinamente a Presidência da República. Por que agora ser prefeito de Osasco?Veja, na realidade eu tinha esse sonho inicial, que depois meio que tinha abandonado. Agora, em decorrência do processo do mensalão, é um bom recomeço para mim. Imagino que eu poderia dar uma grande contribuição para a cidade e ao mesmo tempo a cidade daria para mim um bom conforto para recomeçar minha vida política. Ao mesmo tempo, eu teria quase a obrigação, ganhando a eleição, de cumprir dois preceitos indispensáveis. Vou ter de fazer uma administração boa, porque não vou poder errar. E vai ter de ser uma administração com um critério de transparência e de participação muito forte. Por que não pode errar? O senhor já falou que o PT errou no processo do mensalão.O PT cometeu um erro e já assumiu esse erro. Já pagou até mais do que devia pagar. Mas o caso pessoal cada um tem que fazer o seu caminho. Para mim seria um bom caminho eu voltar aqui para Osasco. Por que eu digo que não posso errar? Porque a expectativa da população ao dar uma nova chance para mim é exatamente essa: que eu não posso errar. / F.F.

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