'Não existe perdão à corrupção sem que paguem pelo que fizeram', diz Haddad

Candidato à presidência pelo PT tentou desvincular a corrupção do seu partido; ele afirmou, no entanto, que provavelmente houve crimes cometidos por dirigentes petistas

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Por Thaís Barcellos (Broadcast)
Atualização:

O presidenciável Fernando Haddad (PT) tentou afastar de si a pecha de corrupção que recai sobre seu partido em entrevista ao programa Conexão Repórter, do SBT, veiculada na madrugada desta terça-feira, 23. Questionado se não se sentia constrangido com os escândalos de corrupção, ele respondeu que são os corruptos que devem se sentir constrangidos. "Não existe perdão à corrupção sem que paguem pelo que fizeram, garantido o amplo direito de defesa, sem que haja perseguição política, com base em provas."

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O candidato também afirmou que "provavelmente" houve crimes de corrupção cometidos por dirigentes petistas. "Houve crime? Na minha opinião, provavelmente, sim", disse. "São dois crimes. Financiamento de caixa-dois e enriquecimento ilícito, que é ainda mais grave. Acredito que teve gente que se valeu disso e acho que necessita de punição exemplar", afirmou o candidato. 

Haddad tentou desvincular a corrupção do seu partido, dizendo que quem comete os atos ilícitos são pessoas. "Há provas em relação a pessoas, não a partidos." Ele citou ainda o exemplo dos tucanos Aécio Neves (MG), Marconi Perillo (GO) e Beto Richa (PR), que são acusados de corrupção, para explicar seu ponto de vista. "Você vai poder falar de qualquer tucano em função do envolvimento de três governadores do PSDB? É injusto isso", defendeu. "O Alckmin tem alguma coisa a ver com isso? Na minha opinião, não", completou.

Fernando Haddad tem insistido para que Bolsonaro participe dos debates presidenciais Foto: Mauro Pimentel/AFP

O petista ainda lembrou que seu adversário Jair Bolsonaro (PSL) já foi do PP, sigla com mais parlamentares envolvidos na Lava Jato. "Será que Bolsonaro vai convidar seus colegas do PP para compor seu governo? Por que ninguém pergunta isso a ele?", questiona.

Além disso, Haddad ressaltou que Bolsonaro disse que não vai se ater à lista tríplice para a escolha do procurador-geral da República, e que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), falou em "fechar o STF". "Jair Bolsonaro é quem está enfraquecendo as instituições", disse, destacando que seu adversário é uma ameaça e que ele teria que explicar o patrimônio de R$ 15 milhões da sua família.

Lula

Questionado mais uma vez se pretende conceder indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em caso de vitória na corrida pelo Planalto, Haddad disse que acredita que Lula tem "toda condição" de obter a revisão da sentença, "se a Justiça seguir a trilha da busca de provas e do tratamento isonômico".

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Haddad ainda disse que vai ouvir conselhos de Lula, assim como de outras pessoas, mas que a palavra final será dele como presidente. "Não conheço um governante que teve tanto cuidado com as pessoas como Lula."

Educação sexual

Sobre a polêmica em relação à educação sexual nas escolas, Haddad disse que defende apenas é o conhecimento de ciência pelos alunos a fim de evitar gravidez, doenças transmissíveis ou envolvimento com drogas lícitas e ilícitas. "Educação sexual é dada pelos pais e informação como ciência é atribuição da escola."

Privatizações

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O candidato afirmou que, caso seja eleito, não vai privatizar nenhuma estatal. "Não tem nenhuma estatal no meu radar para ser vendida". O candidato negou, porém, que seja estatista. "Sou a favor de fundir empresas, fazer o enxugamento de algumas", disse, ao se referir especificamente ao caso da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), a "estatal do trem bala".

Haddad defendeu ainda equilibrar os subsídios do gás de cozinha, que ele propõe, e os do diesel. O petista citou ainda dois erros de ex-presidentes do País. De Fernando Henrique Cardoso, falou que foi a questão do câmbio. Já de Dilma Rousseff, de ter tentado controlar preços públicos. 

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