Na prática, eleição em São Paulo já é distrital

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Por Redação
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Daniel Bramatti

Os números comprovam que, no Brasil, o voto distrital não está na lei, mas existe na prática. A maioria dos deputados federais eleitos por São Paulo há quatro anos, por exemplo, conquistou uma cadeira graças ao desempenho excepcional - muito acima da média - em uma ou duas regiões do Estado.

Segundo o IBGE, em São Paulo há 15 mesorregiões - subdivisão que congrega diversos municípios de uma área geográfica com condições econômicas e sociais similares. Nenhum dos 70 deputados eleitos teve os votos distribuídos pelas 15 áreas conforme o peso eleitoral de cada uma delas - nem mesmo quando se considera uma margem de 30% para mais ou para menos.

Os maiores fenômenos do voto distritalizado são ex-prefeitos. Edinho Araújo (PMDB) concentrou 91% dos votos na região de Rio Preto, que ele administrou entre 2001 e 2008. Apesar de a Região Metropolitana de São Paulo concentrar mais da metade do eleitorado do Estado (52%), Araújo teve apenas 2% da votação no local.

Outro exemplo é Emanuel Fernandes (PSDB), ex-prefeito de São José dos Campos, que teve 94% de seus votos no Vale do Paraíba - mesorregião que abriga menos de 6% dos eleitores paulistas e que, ainda assim, emplacou um segundo deputado federal eleito graças à votação concentradíssima: Carlinhos Almeida, do PT. Ele teve no local 93% de seus votos.

Graças ao peso eleitoral da Região Metropolitana de São Paulo, é de se esperar que deputados devam a ela alta porcentagem de seus votos. Mas há extremos que evidenciam a existência de redutos: Luiza Erundina (PSB), que governou a capital entre 1989 e 1992, concentrou na cidade e arredores nove de cada dez de seus eleitores, assim como Janete Pietá (PT), Keiko Ota (PSB) e Eli Correa Filho (DEM). E 21 deputados eleitos lá colheram 70% dos votos.

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Áreas com menos eleitores têm menos vínculo com eleitos e, muitas vezes, se sentem sem representação na Câmara. Na mesorregião de Araçatuba, por exemplo, o deputado com melhor desempenho foi João Dado (SDD), que teve nessa área 10% de seus votos. Mas o maior reduto de Dado é São José do Rio Preto, onde ele concentrou mais da metade de seu eleitorado.

Entre os poucos deputados sem redutos claros, Marco Feliciano (PSC) é o principal exemplo. Sua votação foi bem distribuída pelo Estado e esteve próxima da média em 11 das 15 mesorregiões.

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