MPE quer Forças Armadas para garantir as eleições do Rio

Procurador defende reforço na segurança após denúncias de que traficantes proíbem candidatos de fazer campanha em favelas

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Por Tiago Rogero
Atualização:
MPE já considera insuficiente a segurança da Polícia Militar para garantir a continuidade das eleições Foto: Marcelo Sayão/EFE

RIO - Com as crescentes denúncias de que traficantes e milicianos estariam proibindo campanhas de candidatos em favelas do Rio - um problema que se repete a cada processo eleitoral no Estado -, inclusive com a tentativa de cobrança de "pedágios", o Ministério Público Eleitoral (MPE) já considera insuficiente a segurança da Polícia Militar para garantir a continuidade das eleições. Para o procurador regional eleitoral do Rio, Paulo Roberto Bérenger, se faz necessária a presença das Forças Armadas.

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"Na minha opinião e do Ministério Público Eleitoral, já se configura a necessidade de pedido de tropas militares. Somente a força do Estado do Rio não é suficiente para assegurar a paz e continuidade do processo eleitoral", disse ao Estado o procurador. Bérenger, entretanto, quer esperar pelo posicionamento do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), cuja plenária acontece na próxima segunda-feira. Embora a procuradoria possa fazer a requisição, cabe ao TRE-RJ a decisão de solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o envio das tropas federais.

O TRE-RJ não descarta o pedido, mas, assim como o MPE, quer aguardar um relatório que o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, se comprometeu a entregar hoje sobre as denúncias. Esta semana, Beltrame se reuniu com MPE e TRE-RJ. No encontro, segundo a procuradoria, o secretário afirmou que vem apurando o possível envolvimento de associações de moradores na divulgação de "rumores infundados de que tem sido vetada a campanha de candidatos sem acordos com traficantes ou milícias".

Entretanto, o TRE-RJ confirmou ter recebido denúncias, a polícia civil informou que há investigação sobre o assunto na 44ª DP (Inhaúma) e até o governador do Rio e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), reconheceu esta semana que traficantes e milicianos têm "reagido" à sua candidatura. "Tenho recebido diversos relatos, de diversas pessoas, que mandam apagar meu número, minhas placas. Mas estou tranquilo. Não deixo de ir a lugar nenhum", afirmou.

Os problemas chegam até às comunidades que contam com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Na terça-feira à noite, ao checar informações de que placas de candidatos - entre eles, o governador - estariam tendo nomes e números pintados de preto no complexo de favelas do Lins, na zona norte, PMs da UPP local foram alvos de disparos de criminosos. Houve troca de tiros e um grupo ateou fogo no lixo para impedir a passagem das viaturas. O policiamento teve de ser reforçado.

Também candidato ao governo, Lindberg Farias (PT) afirmou após agenda de campanha na semana passada que "há áreas dominadas pela milícia no Rio onde só candidatos do PMDB podem entrar". Anthony Garotinho (PR), por meio de sua assessoria de imprensa, negou ter sofrido qualquer tipo de problema nesse sentido. Presidente do PSB no Rio, onde Romário lidera as pesquisas para o Senador, Glauber Braga informou não ter recebido esse tipo de reclamação de nenhum dos candidatos do partido.

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